Em 10 de agosto de 2023, o Brasil celebra o bicentenário de um dos seus maiores poetas e escritores, Antônio Gonçalves Dias. Nascido em 1823, nas Matas do Jatobá, município de Caxias/MA, hoje Aldeias Altas, Gonçalves Dias deixou um legado inapagável na literatura brasileira. Sua poesia inspiradora e seu profundo amor pela cultura e natureza do país, sobretudo, pela sua terra natal influencia poetas até hoje.
O filho mais ilustre Caxias, desde cedo demonstrou um talento excepcional para as letras. Era filho de um próspero comerciante português, João Manuel Gonçalves Dias e dona Vicência Ferreira, mulher mestiça de origem indígena, concumbina do pai. Aos 13 anos, mudou-se para Portugal. Lá, estudou no Colégio Pedro II e, posteriormente, ingressou na Faculdade de Direito, na cidade de Coimbra.
Durante sua estada na Europa, Gonçalves Dias manteve uma intensa atividade literária e desenvolveu uma profunda admiração pelo Romantismo. Foi essa a escola literária que influenciou toda a sua produção poética.
Aos 20 anos, ele retorna ao Brasil. O agora poeta, dedicou-se a explorar a cultura e a natureza do país, valorizando suas raízes e exaltando o patriotismo em suas obras. O poema mais famoso, Canção do Exílio, é um dos pilares da literatura romântica brasileira. Ele retrata com emoção a saudade da terra natal, um tema recorrente em sua produção literária.
Gonçalves Dias também foi um defensor ativo dos povos indígenas e sua cultura, valorizando suas tradições e contribuições para a formação e miscigenação da identidade brasileira. O poeta tinha uma preocupação genuína com a questão indígena e utilizou sua poesia para sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação das culturas nativas.
Canção do Tamoio é um poema da autoria de Gonçalves Dias, constituído por dez oitavas de versos de redondilha menor. Pertence ao género épico, pois exalta a coragem dos índios. O sujeito da enunciação é o pai que se dirige ao filho que acaba de nascer e chora.
Sua contribuição à língua portuguesa é inestimável, pois além de suas poesias, Gonçalves Dias também se destacou como estudioso do tupi-guarani. Buscou resgatar palavras e expressões indígenas que enriqueceram o vocabulário brasileiro. Seu trabalho contribuiu significativamente para a valorização da língua e cultura do Brasil.
Infelizmente, a vida de Gonçalves Dias foi interrompida precocemente. Em 3 de novembro de 1864, aos 41 anos, no auge de sua produção literária, o poeta morreu no naufrágio do navio Ville Boulogne na costa maranhense em sua viagem de retorno ao Brasil. Morreu o poeta, nasceu o mito. Gonçalves Dias deixou um vácuo irreparável na literatura nacional.
E agora, por ocasião do bicentenário de Gonçalves Dias, o Brasil reafirma a importância desse grande poeta e intelectual que tão habilmente capturou a essência do país em suas palavras. Sua obra continua viva e inspiradora, enriquecendo gerações e consolidando-o como uma figura imortal na história da literatura brasileira.
Gonçalves Dias é tido como o primeiro poeta autêntico do movimento romântico no Brasil. Ele influenciou outros grandes nomes da literatura nacional, desde Álvares de Azevedo a Manuel Bandeira, passando por Machado de Assis e Olavo Bilac, o autor de “Canção do exílio” é o patrono da cadeira de nº 15 da Academia Brasileira de Letras.
Um projeto da vereadora de São Luís, Karla Sarney, institui o ano de 2023, como o Ano do Bicentenário de Gonçalves Dias. Ela justifica assim a homenagem ao poeta maior, “este grande nome da literatura do Brasil, o ilustre maranhense Gonçalves Dias, merece todas as reverências e referências a seu legado e história de vida. Tem sua importância na valorização da literatura, das letras e da arte. E isso deve ser preservado e sempre lembrado. Com sua história nacionalista, seus romances e sendo um literato que sempre defendeu o nome do Maranhão, Gonçalves Dias merece todas as honras, por isso, este projeto para eternizar o grande poeta de nossa terra e país”.
Enfim, que os 200 anos do nascimento de Gonçalves Dias sejam uma oportunidade para conhecer e celebrar a genialidade deste ícone literário. Desse vulto que, mesmo após dois séculos, permanece presente na mente e no coração dos brasileiros.
Por Douglas Ferreira