Por Douglas Ferreira
O mercado encontra-se em um momento de expectativa em relação à redução da taxa Selic, sendo já amplamente considerada uma redução de meio ponto percentual. Contudo, há uma crescente expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa surpreender e aprovar uma redução mais expressiva, de 0,75% ou até mesmo 1%. A busca por entender os motivos que impulsionariam o mercado em direção a uma redução mais acentuada, bem como avaliar se essa tendência é sustentável, levanta questionamentos sobre a preparação da economia para tal cenário.
A última reunião do Copom deste ano, agendada para esta semana, adiciona ainda mais complexidade às projeções, com a expectativa de que o Banco Central mantenha o ritmo de cortes na Selic, proporcionando um encerramento do ano de 2023 com a taxa básica de juros em 11,75%.
Caso o corte seja confirmado, a Selic retrocederá ao mesmo patamar de março de 2022, marcando um período de 21 meses em que a trajetória da Selic foi caracterizada por elevações e manutenções em 13,75%.
A pesquisa semanal do Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), conduzida pela Equus Capital, reflete uma mudança nas expectativas do mercado, com uma probabilidade de corte indicada de 98%. Essa perspectiva contrasta com as estimativas de 98,9% dos economistas no início de dezembro, que apostavam na manutenção do ritmo de cortes.
Diversos fatores, como a melhoria das condições financeiras internacionais e a orientação fiscal interna, sustentam a continuação do ciclo de flexibilização. No entanto, questiona-se até quando o Banco Central manterá esse ritmo de afrouxamento monetário. A ata mais recente do Copom indicou unanimidade em relação à expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões, mantendo uma postura contracionista para impulsionar o processo desinflacionário.
A incerteza paira sobre a manutenção desse ritmo de afrouxamento, como destacou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele alertou que o jogo da política monetária ainda não está ganho, deixando claro que a instituição pode reavaliar a velocidade dos cortes. Apesar de vislumbrar espaço para reduções de 0,5 ponto percentual, Campos Neto ressalta que tal perspectiva se aplica “sempre duas reuniões à frente”, indicando uma possível Selic de 11,25% até janeiro.