Por Wagner Albuquerque com informações de UOL.
Os caças F-14, apelidados de Tomcat, tiveram uma carreira de destaque na Marinha dos Estados Unidos. O fim da vida destes aviões, entretanto, não foi tão bonito quanto sua trajetória ou os combates intensos exibidos no filme Top Gun” (1986), onde o modelo foi pilotado por Maverick, personagem de Tom Cruise.
Os F-14 foram sucateados, com exceção de poucos exemplares que tiveram a fuselagem preservada para serem expostos. A aposentadoria ocorreu em 2007, em decorrência da presença de aviões mais modernos na frota das forças armadas dos EUA, tornando o modelo obsoleto.
O que aconteceu em seguida ao fim do tempo em serviço foi o desmantelamento da frota, com as peças sendo trituradas. Apesar de parecer loucura, havia um objetivo bem claro por trás dessa atitude: evitar que componentes caíssem nas mãos do inimigo, no caso, o Irã.
Irã e seus F-14
Em 1972, o xá (soberano) Mohammad Reza Pahlevi, então líder do Irã, visitou os Estados Unidos em busca de um novo avião para compor a frota do país. A visita amistosa pode parecer algo estranho, mas eram outros tempos.
Pahlevi participou da demonstração de dois fabricantes, McDonnell Douglas, com o seu F-15, e Grumman, com o F-14. Após a apresentação, o xá escolheu o F-14, entre outros motivos, pela sua versatilidade: ele tem a asa com geometria variável, ou seja, ela se dobra para trás de acordo com a necessidade (enflechamento).
Com a asa aberta, mais similar a um avião comercial, ele consegue ter melhor desempenho em baixas velocidades, como pousos e decolagens. Quando sua asa é retraída para trás, ele diminui a resistência ao ar e pode voar melhor em velocidades supersônicas.
Ao todo, foram compradas 80 unidades em meados da década de 1970. Tudo isso ocorreu antes da Revolução Islâmica de 1979, que tornou o país uma república islâmica e abriu caminho para a rivalidade com os EUA.
Até então, o país já contava com dezenas de unidades do avião entregues e pilotos altamente treinados para usar o caça.
Eixo do mal
O acirramento dos ânimos entre os dois países fez os Estados Unidos passarem a considerar o Irã como integrante do chamado “Eixo do Mal” com o passar dos anos, levando à necessidade de reforçar o controle sobre os materiais retirados da aeronave. Tudo isso com o objetivo de não fornecer capacidade de ataque ao inimigo.
Com a aposentadoria do modelo, a escolha de sucatear os exemplares restantes tinha a meta de impedir que peças pudessem ser extraviadas e fornecidas para o Irã manter sua frota em operação.
Além disso, há um embargo no fornecimento de peças de reposição ao Irã. Assim, para o país do Oriente Médio manter seus Tomcats voando, ele tem de canibalizar os exemplares que já possui para fornecer peças aos outros aviões.
Como o Irã é o único país a operar o F-14 atualmente, ele dificilmente poderá obter novas peças. Mesmo que pedaços dos aviões que pertenceram aos EUA fossem traficados ilegalmente para o país eventualmente, a opção pelo desmantelamento e sucateamento da frota toda de Tomcats nos EUA dificultou esse tipo de operação.
Os exemplares remanescentes, localizados em sua maioria em museus, não estão operacionais ou não possuem peças fundamentais para o avião voar.
Ficha técnica
Modelo: F-14
Fabricante: Grumman
Produção: De 1969 a 1991
Primeiro voo: 1970
Aposentadoria: 2007
Comprimento: 19,10 metros
Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 19,55 metros (com a asa “aberta”) ou 11,65 metros (com a asa enflechada)
Altura: 4,88 metros
Peso máximo de decolagem: 33,7 toneladas
Velocidade: Até cerca de 2.500 km/h
Autonomia (distância máxima voada): Cerca de 3.220 km
Altitude máxima de voo: Em torno de 17 km
Preço: Estimado em US$ 38 milhões à época
Observação: As informações podem ser levemente diferentes entre as variações do F-14 fabricadas ao longo dos anos.