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Publicado em: 4 junho 2023 às 23:32

Ele tem 81 anos, viajou de bicicleta por 143 países e continua pedalando

Naquela época, ele morava na cidade de Darwin e tinha uma rotina trabalhando como confeiteiro. Foi quando ele se deparou, na própria Austrália, com um ciclista belga que estava viajando pelo mundo sobre uma magrela.

 

“Fiquei inspirado com o estilo de vida daquele ciclista, pela maneira como ele vivia sua vida”, conta Tilmann.

 

“Comprei uma bicicleta e comecei a viajar com ela”.

 

O australiano realizou sua primeira grande jornada com a bike em 1977, quando tinha 35 anos de idade: pedalando, ele foi de Darwin até a cidade de Sydney, percorrendo mais de 3900 quilômetros.

 

“Ao chegar a Sydney, percebi que aprendi muito sobre mim mesmo, sobre os lugares que vi e as pessoas que conheci. Gostei muito da experiência. Eu precisava pedalar mais. Então, resolvi ir para a Nova Zelândia”.

 

Tilmann largou seu emprego em Darwin e, após chegar à Nova Zelândia, quis ir além: bolou um plano ambicioso para viajar entre a Antártica e a região do Ártico, pegando às vezes barcos e aviões – mas sempre levando sua bicicleta como companhia.

 

Ele chegou à Antártica e, depois, visitou países como Indonésia, Malásia, Índia, Paquistão, Irã, Turquia, Grécia, Itália, Áustria, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Noruega, onde ingressou na zona do Ártico. Todo o roteiro durou 48 meses. E a magrela era sua casa: nela, ele levava todos os seus pertences, muitas vezes acampando pelo caminho.

 

“Eu tinha dinheiro economizado. Mas também tive eu conseguir diferentes trabalhos no meio da viagem para me bancar”, lembra ele.

 

“Nas últimas décadas, tive a sorte de poder pedalar por 143 países. E nunca sofri acidentes sérios”, conta ele.

 

Entre 2010 e 2012, por exemplo, o australiano viajou com sua bike entre a Noruega e a Nova Zelândia, pedalando por lindas paisagens da Europa e da Ásia. Já entre 2001 e 2003, ele foi do Alasca até a Patagônia sobre duas rodas.

 

E o viajante viveu diferentes eras: nos anos 1980 e 1990, por exemplo, explorou remotos lugares do mundo (como estradas de terra de países africanos e caminhos nos altíssimos terrenos do Himalaia) sem o auxílio de celulares. Para se localizar, ele tinha que usar mapas de papel.

 

“Eu, particularmente, amo os países europeus, pois são lugares fáceis para atravessar de bicicleta. Mas também amo a Índia por seu caráter caótico, onde parece haver um caos funcional. E a Austrália, meu país, é também um lugar incrível para roteiros de bicicleta”.

 

E, ao passar tanto tempo na estrada, Tilmann vivu histórias muito marcantes.

 

Ao cruzar o Saara de bike, ele conheceu a mulher que se tornaria sua esposa – uma viajante alemã chamada Renate.

 

Já durante a viagem aérea, ele afirma ter se sentado entre os músicos jamaicanos Bob Marley e Peter Tosh. “Era um voo de quatro horas. Nós três conversamos e demos boas risadas”, relata.

 

E ao visitar lugares tão diferentes ao redor do globo, Tilmann enfrentou situações difíceis, como ter sido atropelado por um ônibus na Índia (acidentes que felizmente, não o machucou de maneira grave).

 

“Também peguei malária algumas vezes. Mas, por sorte, tinha dinheiro para comprar os melhores remédios”, lembra ele.

 

“Além disso, presenciei muitos desastres naturais em diferentes partes do mundo, como inundações, ciclones, terremotos e erupções vulcânicas”.

 

Hoje com 81 anos e morando com Renate em Cairns, na Austrália, Tilmann afirma ser muito feliz “por estar vivo e saudável sem a necessidade de remédios. E, com minha esposa, ainda pedalo todos os dias”.

 

O viajante diz não saber ainda qual será seu próximo destino internacional – e diz estar contente com uma vida mais pacata na Austrália.

 

“No ano que vem farei 82 anos. E espero poder realizar mais viagens com minha esposa e nossas bicicletas. Ainda não conseguimos decidir para onde iremos, mas no devido tempo faremos uma escolha. Temos muita sorte. Fizemos tantas viagens bonitas que, hoje, não temos mais urgência para viajar. Curtimos nossa vida em Cairns, onde há clima propício para ciclismo o ano todo. Aprendemos a nos contentar com poucas coisas, comer bem e aproveitar todos os dias”.

 

Fonte: Nossa uol