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Publicado em: 6 maio 2024 às 22:02 | Atualizado em: 6 maio 2024 às 22:29

EDITORIAL - A resistência gaúcha: solidariedade em meio ao abandono estatal

No meio da tragédia que assola o Rio Grande do Sul, emerge a garra e a determinação do povo brasileiro, especialmente dos gaúchos, que cansaram de esperar por ajuda dos governos estadual e federal e decidiram agir por conta própria, enfrentando a lama e a água para salvar vidas, inclusive as suas. Em um momento em que o Estado e a União parecem incapazes de oferecer assistência adequada, o povo se ergue com coragem e solidariedade, mostrando o verdadeiro espírito de comunidade e companheirismo.

Enquanto o governo federal permanece inerte, a população gaúcha se mobiliza para enfrentar a crise. São os próprios cidadãos que se lançam ao resgate, demonstrando uma vez mais a força do povo brasileiro quando unido em prol de uma causa maior. Eles enfrentam a adversidade sem esperar por ajuda externa, provando que a resiliência e a solidariedade são valores fundamentais em momentos de crise.

O Estado que deveria ajudar e não ajuda, não pode se dar ao luxo de atrapalhar. O que se viu neste último dia foram medidas estatais que fogem ao compreensível: como cobrar nota fiscal de doações; cobrar carta náutica para condutores de lanchas e jetskis, ou ainda, multar jipeiros depois de um dia inteiro salvando vidas e pondo em risco a própria vida. Se não quer ajudar, pelo menos não atrapalha, né?

Apesar dos obstáculos impostos pelo governo, como a burocracia na liberação de doações e a falta de apoio logístico, o povo persiste em sua missão de salvar vidas e amenizar o sofrimento dos afetados pela tragédia. Enquanto o Estado falha em sua obrigação de proteger seus cidadãos, é a comunidade que se mobiliza para prestar assistência. É o povo, salvando o povo!

Nesse cenário, figuras como Whindersson Nunes, João Gomes e Gustavo Lima se destacam por sua generosidade e iniciativa em arrecadar fundos para auxiliar as vítimas. Outros gigantes anônimos se juntam a essa legião de bem feitores. Ausência mesmo, só a de artistas carimbados, especialistas na omissão na hora mais precisada.

O que se viu até agora foi a ajuda, o apoio privado no socorro às vítimas. Pequenos, médios e grande empresários mobilizados numa corrente resolutiva que leva esperança e salva vidas. Não vamos citar nomes para não cometermos nenhuma injustiça. Mas, enquanto os helicópteros do Exército não poderam levantar vôo, aeronaves de luxo de empresários socorriam o povo gaúcho.

Enquanto o governo, segundo a ministra do planejamento, espera as águas baixarem para enviar ajuda, centenas de caminhões e carretas com suprimentos, donativos e alimentos e água potável arrecadados por empresas, empresários, associações classe, federações industriais e comerciais estão a caminho do interior do Estado do Rio Grande do Sul. Pouco ou muito do fruto da solidariedade do povo brasileiro está socorrendo e dando vida ao povo gaúcho.

Por outro lado, a falta de uma resposta eficaz por parte das autoridades revela a falência do Estado em cumprir seu papel primordial que é o de proteger e socorrer os cidadãos em momentos de necessidade. Somente uma guerra com bombas, granadas e mísseis se equipara ao que vive hoje o povo gaúcho. Porém, não chegou uma única garrafa d’agua de Brasília para matar a sede dos alagados. Nenhum grão para matar a fome de quem está há dias sem comer.

Enquanto o governo federal prioriza ações questionáveis em detrimento da ajuda humanitária aos seus próprios cidadãos, é a solidariedade e a determinação do povo que brilham como luz em meio à escuridão. Essa tragédia servirá como um lembrete doloroso de que, em um país onde o Estado falha, é o povo quem se torna a verdadeira força motriz da esperança, da mudança e da vida!