Por Douglas Ferreira, com informações exame.
A reportagem da exame., deste sábado, 20, explora a viabilidade dos cortes anunciados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para alcançar a meta fiscal de déficit zero. Economistas renomados forneceram suas avaliações, destacando os seguintes pontos:
- Necessidade de novos cortes:
- Os cortes e contingenciamentos iniciais, totalizando R$ 15 bilhões, são vistos como uma boa sinalização, mas insuficientes por si só para resolver o problema fiscal. Economistas como Fabio Serrano, do BTG Pactual, e Felipe Salto, da Warren Investimentos, acreditam que novos cortes serão necessários, especialmente se as despesas obrigatórias continuarem a crescer e a arrecadação não superar as expectativas.
- Setores mais afetados:
- Benefícios previdenciários, pensões, assistência temporária e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) são áreas que podem exigir cortes adicionais. O crescimento dessas despesas obrigatórias está ligado à evolução da receita, e sua aceleração pode levar a bloqueios maiores.
- Impactos dos ajustes:
- O ajuste no orçamento pode ajudar a manter a sustentabilidade do teto de gastos em 2024, mas a dinâmica estrutural dos gastos e vinculações de benefícios ao salário mínimo apresentam desafios. A percepção de risco fiscal permanece elevada entre analistas, como apontado por Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.
- Medidas adicionais:
- O governo pretende realizar um pente-fino nos cadastros de benefícios do INSS, visando economizar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões. Esta medida é vista como uma tentativa de melhorar as contas públicas, especialmente no próximo ano.
- Viabilidade de cumprir a meta fiscal:
- Cumprir a meta fiscal de déficit zero sem cortes significativos nos gastos é considerado improvável. A administração federal adiantou o anúncio de contenção de despesas para tranquilizar investidores preocupados com o controle dos gastos públicos. A meta de déficit primário entre 0% e 0,25% do PIB depende de um equilíbrio delicado entre corte de despesas e arrecadação de receitas.
Em resumo, os cortes anunciados são um passo na direção certa, mas a realização da meta fiscal sem cortes adicionais é vista com ceticismo. Novos cortes e medidas para controle de despesas serão necessários para atingir o déficit zero, e setores como os benefícios previdenciários poderão ser os mais impactados.