Por Douglas Ferreira
Nesta sexta-feira, 2 de agosto, o mercado financeiro enfrentou uma tempestade com a cotação do dólar disparando para R$ 5,7936, o maior valor registrado desde março de 2021. A moeda norte-americana subiu 1,02% em um único dia, ampliando as preocupações sobre os impactos na economia brasileira.
O que motivou a escalada do dólar?
A alta do dólar foi impulsionada pela divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos, conhecido como “payroll”, que apresentou números abaixo das expectativas. Em julho, foram criadas apenas 114 mil vagas de emprego, muito aquém das 180 mil esperadas. Além disso, a taxa de desemprego subiu de 4,1% em junho para 4,3% em julho, contrariando previsões de estabilidade.
Esse cenário de enfraquecimento no mercado de trabalho dos EUA gerou incertezas sobre a economia global, levando os investidores a buscar refúgio no dólar, elevando assim sua cotação em relação ao real.
Impactos no Brasil e no mundo
Curiosamente, enquanto o dólar subia no Brasil, o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de seis outras moedas, caiu quase 1% após a divulgação do “payroll”. A expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dBos EUA, possa iniciar cortes nas taxas de juros devido ao enfraquecimento econômico, também contribuiu para a queda do dólar no exterior, além de uma forte valorização do iene japonês.
No entanto, no mercado interno, a alta do dólar reacendeu preocupações sobre a inflação, o custo das importações e a instabilidade econômica. Na quinta-feira, 1º de agosto, o dólar já havia registrado uma alta expressiva ao ser cotado a R$ 5,7430, renovando a máxima do ano.
Repercussões além do câmbio
A reação negativa ao relatório de emprego dos EUA não se limitou ao mercado cambial. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, conhecidos como Treasuries, atingiram mínimas históricas. Os títulos de dez anos caíram para 3,788%, enquanto os de 30 anos, que servem de referência para hipotecas, recuaram para 4,144%.
Além disso, o índice VIX, que mede a aversão ao risco em Wall Street, disparou mais de 18% na véspera, alcançando seu nível mais alto desde abril deste ano. O mercado também começou a precificar uma maior probabilidade de cortes nas taxas de juros nos EUA, com expectativas de que o Fed possa reduzir as taxas em 50 pontos-base já na próxima reunião.
O que vem a seguir?
Com o dólar em níveis recordes, os próximos dias serão cruciais para observar como o mercado brasileiro reagirá. A continuidade da alta pode pressionar ainda mais a inflação e os custos de produção, enquanto as decisões do Federal Reserve serão monitoradas de perto por investidores globais, em busca de sinais sobre o rumo da política monetária nos EUA.