Por Wagner Albuquerque
A Reunião Nacional (RN), de direita, liderada por Marine Le Pen, obteve uma vitória histórica no primeiro turno das eleições legislativas francesas, conquistando 33% dos votos à Assembleia Nacional. Em segundo lugar ficou a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), com 28%, seguida pela coligação do presidente Emmanuel Macron, Juntos, que ficou com 20%, segundo os resultados oficiais divulgados nesta segunda-feira (1º).
Este desempenho da RN confirma as projeções das pesquisas e indica um cenário mais desafiador para o presidente Emmanuel Macron, que ainda tem quase três anos de mandato pela frente. Sem maioria na Assembleia Nacional desde 2022, o governo de Macron pode enfrentar dificuldades adicionais. No sistema semipresidencialista francês, o presidente necessita de um primeiro-ministro indicado pelo Parlamento para garantir a governabilidade.
Para assegurar uma maioria absoluta e liderar um governo estável, um partido precisa obter 289 dos 577 assentos na Assembleia Nacional. Antes das novas eleições, Macron tinha apenas 250 cadeiras. A participação dos eleitores foi de aproximadamente 65,5%, a maior dos últimos 40 anos.
A composição final da Assembleia Nacional só será conhecida após o segundo turno, marcado para o próximo domingo, 7 de julho. As projeções indicam que a RN pode conquistar entre 230 e 280 assentos, a NFP entre 125 e 200, e a coligação de Macron entre 60 e 100 deputados. O sistema eleitoral francês, que envolve disputas locais em dois turnos, torna o resultado final difícil de prever.
Após a derrota nas eleições ao Parlamento Europeu em 9 de junho, Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições antecipadas, esperando atrair eleitores contrários à direita, como ocorreu nas eleições presidenciais de 2017 e 2022. A chegada da direita ao poder na França aumentaria a influência desse movimento na União Europeia, potencialmente enfraquecendo a política de Macron de apoio à Ucrânia. Le Pen, cuja proximidade com a Rússia é criticada por detratores, enfatiza a necessidade de evitar uma escalada com Moscou.
Reagindo aos resultados do primeiro turno, Macron pediu a formação de uma ampla aliança democrática para o segundo turno e destacou a alta participação dos eleitores. Marine Le Pen, por sua vez, celebrou o resultado como um sinal claro de que os eleitores querem mudanças, mas alertou que “nada está ganho” e que o segundo turno será decisivo. Jordan Bardella, nome da RN para primeiro-ministro, criticou a esquerda e destacou a necessidade de escolha clara entre as propostas dos partidos. Já a NFP pediu união para barrar a RN e anunciou a retirada de candidaturas que estejam em terceiro lugar no segundo turno para evitar a dispersão de votos.