Por Douglas Ferreira
A última jornada de negociações na bolsa brasileira em 2023 foi marcada por uma notícia impactante para o mercado financeiro: a expressiva queda do dólar. A moeda americana encerrou o ano com uma desvalorização histórica de 8,06% em relação ao real, fechando a cotação em R$ 4,8525. Esta baixa representa a maior variação desde o turbulento ano de 2016, marcado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), quando o dólar registrou uma queda de 18% frente ao real.
Embora tenha experimentado uma leve alta de 0,41% no último dia do ano, as quedas acumuladas ao longo da semana e do mês foram de 0,17% e 1,28%, respectivamente. A economista Mariam Dayoub, do Banco Julius Baer no Brasil, apontou em entrevista ao Valor que, em 2023, a queda do dólar foi mais influenciada por fatores internos brasileiros, mesmo diante de influências globais.
A desvalorização da moeda foi impulsionada, em grande parte, pelo desempenho excepcional da “safra agrícola recorde” e pelas “fortes exportações de petróleo”, que resultaram em um superávit comercial sem precedentes. O Brasil, ao aumentar significativamente suas exportações, viu uma entrada robusta de dólares, contribuindo para a queda do valor da moeda americana.
Além disso, o país continuou a atrair investimentos estrangeiros substanciais, auxiliando no equilíbrio das contas. O Banco Central do Brasil, ao ser um dos pioneiros na flexibilização da política monetária, também incentivou investimentos, graças ao diferencial de juros e a um cenário político mais estável.
A clareza nas políticas econômicas do governo Lula e a revisão positiva do crescimento do país, impulsionado pelo consumo das famílias, desempenharam um papel crucial nesse cenário. O período mais significativo de queda do dólar em relação ao real ocorreu entre abril e julho, impulsionado pelo superávit comercial e avanços nas reformas políticas, como o novo “arcabouço fiscal” e a “reforma tributária”.