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Publicado em: 23 janeiro 2024 às 19:00 | Atualizado em: 23 janeiro 2024 às 19:00

Descoberta fóssil de anfíbio pré-dinossauro que desafia conceitos sobre a pangeia

Por Douglas Ferreira

Reconstituição digital do anfíbio gigante Kwatisuchus rosai em seu hábitat natural – Foto: Divulgação/Márcio Castro

Não há dúvidas de que o território brasileiro foi habitado por dinossauros, como evidenciado em praticamente todos os Estados do país. No Nordeste, a Serra da Capivara, no Sul do Piauí, fornece confirmação científica de preguiças gigantes da era jurássica, entre outros animais. O município de Sousa, no sertão paraibano, possui um parque dos dinossauros devido à abundância de fósseis.

Agora, uma nova descoberta surge no Rio Grande do Sul. Lá pesquisadores encontraram um fóssil de anfíbio datado de uma época anterior aos dinossauros.

Pesquisadores encontram crânio de animal mais antigo que dinossauro – Foto: Divulgação/Alice Dias

O fóssil foi encontrado em um sítio arqueológico, em Rosário do Sul, por pesquisadores da Unipampa, no Laboratório de Paleobiologia do Campus São Gabriel. O crânio desse anfíbio gigante, identificado como mais antigo que os dinossauros, foi descoberto em rochas de uma fazenda na área rural do município.

A descoberta sugere uma possível conexão entre a fauna do pampa gaúcho e a da Rússia, desafiando o que se conhece sobre o ecossistema da Pangeia, a teoria dos continentes sendo um único bloco. A ossatura, encontrada em agosto de 2022, foi analisada recentemente, revelando que o animal viveu cerca de 250 milhões de anos atrás, antes dos dinossauros.

Crânio do anfíbio gigante Kwatisuchus rosai – Foto: Divulgação/Felipe Pinheiro

A nova espécie foi denominada Kwatisuchus rosai, referindo-se ao termo Tupi para “focinho comprido” (Kwati) e homenageando o paleontólogo Átila Stock Da-Rosa. O anfíbio pertence ao início do período Triássico, quando o ecossistema se recuperava de uma extinção em massa.

A descoberta é parte de um projeto do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, que planeja uma exposição com réplicas em 3D dos fósseis e animais, visando popularizar a ciência. A espécie Kwatisuchus rosai faz parte do grupo de animais dominantes no Triássico e, segundo estudos, pode ter originado anfíbios modernos, como sapos e salamandras.

O achado surpreende os pesquisadores por encontrar um anfíbio semelhante ao encontrado na Rússia, na América do Sul. A conexão entre as faunas do Rio Grande do Sul e da Rússia levanta questões sobre as hipóteses geográficas da Pangeia. O fóssil é uma peça do quebra-cabeça sobre as faunas do Triássico, após uma extinção ocorrida no período Permiano.

A descoberta, financiada pela pesquisa Lemann-Brasil, amplia a compreensão da diversidade de organismos fósseis no Sul do país e destaca a necessidade contínua de aprender sobre a geografia e a distribuição de organismos em nosso passado remoto.