Por Douglas Ferreira
A controvérsia que se arrasta há quase três séculos entre Piauí e Ceará, desde os tempos do império, não se limita apenas a demarcação territorial. As ramificações desse litígio são vastas e impactantes, indo além das fronteiras geográficas e identitárias. A resolução desse embate pode acarretar mudanças significativas na divisão de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb, tendo implicações diretas para ambos os Estados.
O Fundeb, um pilar na política educacional brasileira, destina recursos federais para investimentos em educação básica, sendo a distribuição desses recursos determinada por critérios como o número de estudantes matriculados na rede estadual de Educação Básica, conforme dados do Censo Escolar do ano anterior.
Uma possível redefinição das fronteiras entre Piauí e Ceará resultaria em alterações no contingente populacional de ambos os Estados. Essa mudança teria um efeito cascata, impactando diretamente o contingente educacional e, consequentemente, os repasses do Fundeb. Estudantes que passassem a residir em municípios agora pertencentes a outro Estado seriam incorporados à rede estadual de ensino desse novo território.
Com a demarcação das terras, propriedades, escolas e serviços públicos localizados nas áreas afetadas passariam a ser responsabilidade do governo do novo Estado. Isso implica na redistribuição das receitas tributárias e dos recursos repassados pelo Fundeb, tendo um impacto econômico e administrativo significativo.
O litígio transcende a mera divisão de recursos do Fundeb e abrange outras áreas, como infraestrutura e serviços públicos. A definição dos marcos divisórios entre os Estados terá implicações profundas e duradouras, cujas consequências serão percebidas em diversos aspectos da vida socioeconômica e administrativa das regiões afetadas.