Por Douglas Ferreira
Por duas décadas, o Piauí enfrentou uma posição desconfortável no ranking das rodovias brasileiras, tornando-se uma incerteza trafegar pelo Estado, seja por rodovias federais ou estaduais, devido ao descaso das administrações passadas. Vídeos disponíveis na internet ainda evidenciam o estado precário das rodovias estaduais do Piauí, repletas de buracos que colocavam em risco a vida dos que se aventuravam a percorrê-las.
Na Região dos Cerrados, os problemas afetavam os moradores e, especialmente, os produtores de grãos, que enfrentavam desafios como lama no inverno e poeira no verão, prejudicando o escoamento da produção e complicando a vida daqueles envolvidos no setor agrícola. A mentalidade de um deputado estadual da base do governo, que considerava as péssimas condições das rodovias nos cerrados como um “problema dos produtores”, talvez refletisse o pensamento governamental da época.
No entanto, a situação parece estar mudando agora. De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) realizada em novembro de 2023, as estradas estaduais e federais no Piauí foram avaliadas como satisfatórias. Dos 3.474 quilômetros de rodovias estaduais pesquisados, 339 foram consideraram ótimos; 1.036, bons; e 1.360, regulares. Por outro lado, 628 foram classificados como ruins e 111 como péssimos. Percentualmente, isso resulta em 9,8% de ótimo, 29,8% de bom, 39,1% de regular, 18,1% de ruim e 3,2% de péssimo – uma avaliação modesta, mas significativamente melhor do que o cenário em 31 de dezembro de 2022.
Leonardo Sobral, diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Piauí (DER), comemora os resultados da pesquisa CNT, destacando que já foram recuperados ou reconstruídos 60% da malha rodoviária do Estado. Ele enfatiza que, no primeiro ano de governo, o Piauí superou todos os Estados do Nordeste, além de grandes Estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em manutenção e conservação das rodovias estaduais.
Recentemente, o governo entregou mais um trecho de rodovia totalmente recuperado, totalizando 126 km interligando as BRs 343 e 230, passando por Oeiras, Tanque do Piauí e Regeneração. Sobral destaca a utilização de um novo pavimento asfáltico com duplo revestimento, proporcionando mais segurança, e informa que a obra consumiu R$ 33 milhões, com R$ 18 milhões provenientes do governo do Estado e o restante de emenda do senador Marcelo Castro.
Apesar desses avanços, é essencial acelerar a recuperação das rodovias que cortam os Cerrados piauienses. Rafael Maschio, diretor executivo da Aprosoja/PI, destaca que, “embora a recuperação da PI 247 tenha trazido alívio, ainda há um déficit de 500 km de estradas nos Cerrados”.
Ele aponta a necessidade imediata de recuperação de trechos como o da PI 397 (Rodovia Transcerrados), entre os municípios de Bom Jesus, Monte Alegre e Gilbués, que já foi licitada, mas encontra-se paralisada. Outros trechos também paralisados incluem a PI 392 na Serra Grande, em Baixa Grande do Ribeiro, e o acesso à Serra do Quilombo pela PI 262, em Bom Jesus. Além disso, estão paralisadas a PI 392 em Currais, entroncamento com a Transcerrados, na Serra das Laranjeiras (45 km). A obra da Ponte da BR 330, que liga o Piauí a Tasso Fragoso, no Maranhão, está em andamento, mas é executada pelo DNIT.
Maschio ressalta que o governo está recuperando a PI 247 embora ainda falte cerca de 60 km, e destaca a importância das rodovias da soja para o escoamento da produção de grãos na Região.