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Publicado em: 11 maio 2024 às 18:40 | Atualizado em: 11 maio 2024 às 18:43

Crise nas eólicas: Setor fecha as portas e demite em massa; falta incentivo e políticas públicas

Por Douglas Ferreira

A falta de apoio governamental ao setor de energia limpa no Brasil pode resultar no fechamento das usinas eólicas instaladas no Nordeste, causando um impacto significativo nas pequenas cidades da região. Estas usinas são atualmente as maiores geradoras de emprego em uma das áreas mais carentes do país, muitas vezes sendo os principais empregadores locais, ao lado do serviço público.

O setor enfrenta um período de dificuldades, com empresas suspendendo a fabricação de equipamentos devido à falta de demanda, o que já era previsto pelo governo. Um exemplo disso é a Torres Eólicas do Nordeste (TEN), que demitiu 500 funcionários em junho de 2023 devido à escassez de pedidos. Esses trabalhadores, como Adilson Jordão, agora enfrentam dificuldades financeiras após perderem seus empregos bem remunerados e precisam buscar alternativas menos vantajosas para sustentar suas famílias.

A situação não é única da TEN. A Aeris Energy, produtora de pás eólicas, também demitiu mais de 1.500 funcionários em Pecém, no Ceará, pela mesma razão. A Aeris tem sua produção concentrada na zona industrial de Pecém (CE), de onde também exporta a depender da demanda de sua carteira de clientes, que inclui as maiores fabricantes mundiais de aerogeradores. A redução na demanda está ligada ao excesso de energia no mercado interno, especialmente devido à rápida expansão da geração distribuída por meio de placas solares, sem um planejamento adequado.

O governo reconhece a importância estratégica do setor eólico e está buscando soluções para estimular o mercado. Uma das iniciativas é a regulamentação das eólicas offshore e o incentivo ao uso de energia limpa em setores como data centers. No entanto, as medidas ainda não são suficientes para reverter a situação atual.

Enquanto isso, as empresas brasileiras do setor estão buscando oportunidades no mercado internacional para compensar a queda na demanda interna. A exportação pode se tornar uma parte significativa dos negócios dessas empresas nos próximos anos, mas ainda há desafios a serem superados para garantir a sustentabilidade do setor eólico no Brasil.

Até este sábado, 11 de maio, não se tem conhecimento do fechamento de usinas eólicas no Piauí, nem a demissão em massa nos parques de geração de energia a partir do vento em território piauiense. De acordo com dados do Ministério das Minas e Energia (MME) e da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o Piauí gera 3.583,95 Mega Watts (MW) de energia a partir de 108 parques eólicos espalhados por todo o Estado, com 1.246 torres aerogeradoras, sendo o terceiro maior do Nordeste.