Por Douglas Ferreira
Apesar de registrar um dos maiores crescimentos econômicos nas Américas, a Guiana tem ocupado as manchetes recentes devido a uma contenda territorial com a Venezuela, que reivindica a maior parte do território guianense. No último fim de semana, o governo de Nicolás Maduro promoveu uma consulta popular, na qual a maioria votou a favor da anexação de uma parte significativa da Guiana à Venezuela.
Essa situação aumenta a preocupação com um potencial conflito regional, uma vez que a Guiana não reconhece a decisão venezuelana. Surgem questionamentos sobre a iminência de uma guerra e se Maduro está realmente determinado a invadir a Guiana.
No referendo de domingo, o governo de Nicolás Maduro obteve aprovação popular para anexar a área contestada por Caracas, conhecida como Essequibo, correspondendo a dois terços do território guianense, cerca de 70% do país. No entanto, há mais aspectos sobre essa pequena nação sul-americana que ajudam a compreender a tensão na fronteira.
A Guiana, única nação sul-americana com o inglês como língua oficial, oficializou sua integração ao Império Britânico em 1814, após ser cedida pela Holanda. Mesmo independente, mantém-se na Comunidade Britânica. A origem da atual disputa remonta ao período em que as fronteiras eram estabelecidas por acordos entre potências europeias.
A Guiana baseia-se em um laudo arbitral de Paris de 1899 para reivindicar suas fronteiras, enquanto a Venezuela apoia sua interpretação do Acordo de Genebra de 1966, firmado com o Reino Unido antes da independência guianense. Esse acordo reconhece o posicionamento de Caracas, mas não respalda sua interpretação de que o laudo de 1899 foi baseado em fraude.
Apesar de ter sido explorada por três nações europeias, a Guiana tem uma população predominantemente descendente de africanos escravizados e indianos. Com uma economia em crescimento exponencial impulsionada pela exploração de petróleo na região equatorial, a Guiana projeta um aumento de 38% em seu PIB em 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional.
O boom econômico, iniciado em 2019 com a ExxonMobil, levanta preocupações sobre a influência da empresa no governo guianense. Até 2027, a Guiana poderá extrair mais de um milhão de barris por dia, intensificando as tensões com a Venezuela, detentora da maior reserva de petróleo bruto do mundo.