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Publicado em: 29 dezembro 2023 às 07:21 | Atualizado em: 28 dezembro 2023 às 21:50

Conflito entre Poderes: MP de Haddad para reoneração gera tensões após desoneração da folha pelo Congresso

Por Douglas Ferreira

Senador Efraim Filho, autor da Lei reagiu à MP proposta por Haddad – Foto: Reprodução

O clima entre os poderes Executivo e Legislativo ficou tenso nesta quinta-feira, 28, em Brasília devido à promulgação da lei de desoneração da folha de pagamento para 17 setores pelo Congresso. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, azeitou ainda mais a situação ao anunciar uma Medida Provisória que “revoga” o Projeto de Lei da desoneração.

A reação dos parlamentares foi imediata, considerando a MP como uma declaração de guerra entre Poderes que, segundo a Constituição, deveriam ser independentes e harmônicos. O autor da lei e setores afetados criticam a reoneração gradual da folha anunciada por Haddad.

O senador Efraim Filho, autor da lei que prorroga a desoneração da folha, afirmou: “Essa medida proposta por Haddad contraria a decisão do Congresso e enfrentará resistência”.

Haddad anunciou que o governo federal pretende editar uma Medida Provisória ainda em 2023, com a reoneração gradual da folha, setor por setor, além de outras medidas para organizar o orçamento público para 2024. Ele negou que a MP seja uma afronta ao Congresso, alegando que a matéria, da forma como estava sendo tratada, era considerada inconstitucional pelo governo (mas quem declara inconstitucionalidade é o STF).

Relatora Any Ortiz entende que governo desrespeita o Congresso com a MP – Foto: Reprodução

A reação negativa ao anúncio foi imediata, com parlamentares e setores econômicos expressando preocupação com a insegurança jurídica gerada pela MP. A relatora do projeto na Câmara, deputada Any Ortiz, destacou que a proposta causa “enorme insegurança jurídica”, enquanto a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e outros setCBIC

ores manifestaram preocupação com os impactos na economia e no emprego.

A presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), Vivien Mello Suruagy, criticou a condução do tema pelo governo e ressaltou a falta de consulta aos setores produtivos afetados pela reoneração.

A equipe econômica alega que o texto é inconstitucional e propôs a MP como alternativa. O governo não descarta a possibilidade de judicializar a questão. A desoneração, implementada em 2011 para estimular a geração de empregos, engloba 17 setores e, este ano, teve sua prorrogação aprovada pelo Congresso Nacional, ou seja, nas duas Casas Legislativas, após a derrubada de veto presidencial.

A disputa entre Executivo e Legislativo continua, agora envolvendo a MP proposta por Haddad. Uma coisa é certa: haja óleo e água nesse fervura em plena virada de ano.