Por Douglas Ferreira
O governo federal parece estar desconsiderando os interesses dos produtores de arroz do Rio Grande do Sul ao optar por realizar um leilão para comprar, nesta primeira fase, 300 mil toneladas do produto no mercado internacional. Sob o pretexto de evitar o desabastecimento, essa medida mascara a falta de solidariedade e de uma política de incentivo e reconstrução tão necessárias para os produtores afetados pelas enchentes.
Enquanto a maior parte da safra gaúcha já havia sido colhida, o governo optou por importar arroz, o que certamente irá agravar a situação dos produtores locais. Ao invés de oferecer apoio efetivo e reconhecimento aos prejuízos sofridos, a decisão de importar arroz parece ignorar as necessidades dos produtores locais.
A Associação do Produtores de Arroz insiste que, “não há a menor possibilidade de desabastecimento”.
Embora o governo alegue estar atento para não prejudicar a produção nacional, é difícil acreditar que essa medida não terá impactos negativos no mercado interno. A Conab estima que até 1 milhão de toneladas de arroz foram perdidas devido às enchentes no Rio Grande do Sul, mas a importação pode minar ainda mais a confiança e os esforços dos produtores locais.
Além disso, a decisão de realizar um leilão para comprar arroz importado a um preço tabelado de R$ 4 por quilo parece desconsiderar os esforços dos produtores nacionais e pode ter repercussões desfavoráveis no mercado internacional. A intervenção do governo nesse contexto é vista como precipitada e desnecessária por entidades como a CNA, que questionam a urgência e a eficácia dessa medida.
Uma pergunta que não quer calar é: onde estão os estoques reguladores do govern?”. Essa deveria ser a preocupação da Conab, esse é o papel da instituição. Por outro lado, o governo, ao invés de importar, deveria implementar uma política de incentivos com imposto zero aos produtores.
Portanto, em vez de oferecer um verdadeiro suporte aos produtores afetados pelas enchentes, o governo parece estar optando por uma solução paliativa que pode ter consequências negativas a longo prazo para o setor agrícola do país.