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Publicado em: 8 julho 2024 às 19:25 | Atualizado em: 8 julho 2024 às 19:26

Com mais de 80% de casos no mundo Governo Federal fecha Centro de Emergênica de Dengue

Por Douglas Ferreira

O mosquito fêmea do Aedes aegypti transmissor da dengue – Foto: Reprodução

O governo federal tem tomado medidas desastrosas na área da saúde, particularmente no enfrentamento à dengue, que se espalhou pelo país inteiro de forma alarmante. O número de mortes por dengue já supera a soma dos últimos sete anos. Até a última atualização de quarta-feira (3), o país registrou 4.367 mortes pela doença. Segundo dados do próprio governo federal, entre 2017 e 2023, o Brasil registrou 4.331 óbitos por dengue. Foram 1.179 mortes em 2023, 1.053 em 2022, 315 em 2021, 583 em 2020, 820 em 2019, 201 em 2018 e 180 em 2017.

Aumento exponencial e falta de ação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o Brasil concentrou mais de 80% dos casos suspeitos de dengue no mundo. Mesmo com esse alarmante recorde, o Ministério da Saúde tomou a controversa decisão de encerrar o Centro de Emergência da Dengue no país. Essa medida, aliada à omissão das autoridades e da mídia brasileira, é vista como um descaso para com a saúde pública e a vida dos cidadãos.

Impacto das arboviroses

Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, as arboviroses representam uma grande ameaça à saúde pública devido ao seu potencial epidêmico de grande magnitude e aos impactos socioeconômicos e no sistema de saúde. Em 2024, houve um aumento de 344,5% no número de casos de dengue na Semana Epidemiológica 1 a 26, comparado ao mesmo período do ano anterior, com as regiões Sul e Sudeste concentrando a maior incidência no país.

Efeitos climáticos e populacionais

O aumento das temperaturas, gerando invernos atípicos e mais quentes, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, tem sido associado ao aumento de casos de dengue. Além disso, a urbanização desordenada, a falta de saneamento básico, a degradação ambiental e as mudanças climáticas têm agravado a situação, criando um ambiente propício para a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

Faixas etárias vulneráveis

Os menores de um ano e os maiores de 60 anos são os mais afetados, com maior número de casos graves e sinais de alarme para dengue. As maiores taxas de letalidade estão nas faixas etárias menores de um ano e aumentam gradativamente a partir dos 50 anos.

Alternância de sorotipos

As epidemias de dengue no Brasil têm sido associadas à alternância dos sorotipos virais predominantes. Em 2024, os quatro sorotipos de dengue foram identificados no país, com todos os Estados apresentando circulação concomitante de DENV-1 e DENV-2, principalmente.

Outras arboviroses

Além da dengue, houve um aumento de 79% nos casos prováveis de Chikungunya no primeiro semestre de 2024, com a maior incidência de casos na região Sudeste. A febre do Oropouche também apresentou alta incidência, especialmente na região Norte, com transmissão autóctone registrada em vários Estados.

Medidas mitigatórias

Para mitigar os impactos dessa epidemia sem precedentes, é crucial reforçar a vigilância genômica da dengue e de outros arbovírus, ampliar a testagem e o sequenciamento, além de investir no desenvolvimento de vacinas e medicamentos antivirais. Também é necessário aumentar o número de Agentes de Combate a Endemias e implementar medidas inovadoras de combate ao vetor.

Conclusão

A soma de fatores climáticos, ambientais e a má gestão federal criou um cenário caótico para a saúde pública no Brasil. A epidemia de dengue de 2024 é uma tragédia anunciada, cuja gravidade exige ações imediatas e eficazes do governo para proteger a população e evitar mais mortes. A resposta inadequada à crise da dengue expõe falhas graves na administração pública e na capacidade do governo de lidar com emergências de saúde, deixando a população vulnerável e desamparada.