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Publicado em: 11 maio 2024 às 09:53 | Atualizado em: 11 maio 2024 às 18:22

O gaúcho é antes de tudo um forte!

A tragédia que assola o Rio Grande do Sul já ceifou 126 vidas e continua a cobrar seu preço a cada dia. Os socorristas, em sua maioria voluntários, estão mobilizados na maior operação de resgate da história da República, encontrando corpos a cada instante. O trabalho dessa legião de ‘heróis anônimos’ tem sido fundamental para evitar que o desastre climático resulte em mais perdas, mais mortes. Desde o início das enchentes, eles têm agido com destemor.

Esta é a cena mais comum nos últimos dias no RS, o povo salvando o povo e também os animais perdidos nas enchentes – Foto

Não há como calcular o número exato de vidas salvas pela ação imediata de jipeiros, proprietários de lanchas, jetskis e pequenas embarcações, pescadores e profissionais de diversas áreas, motivados apenas pelo desejo de ajudar, de salvar vidas. Eles não hesitaram, mesmo diante do perigo e das dificuldades. Simplesmente foram lá e fizeram o resgate, salvando vidas. É o povo ajudando o próprio povo. O povo salvando o povo.

A expressão “POVO SALVANDO POVO” pode soar como uma ameaça ou desafio para algumas autoridades e parte da mídia, mas essa é a realidade que se vive no Rio Grande do Sul. Em todos os lugares, seja nos vales, na encostas de montanhas, nas margens do rios, nas áreas urbanas mais afastadas, nos povoados, distritos ou vilarejos, o que se vê, comprovado por vídeos, é o povo unindo-se para salvar o próximo. Aliás, é o povo salvando vidas humanas e também vida animal.

E os bombeiros, militares do exército, da PM e da Guarda Municipal? Eles também têm desempenhado um papel importante, mas é notável a ação dos civis em primeiro plano, com os bombeiros atuando em apoio. Destaque para a ação da equipe de bombeiros militares enviada pelo governo de São Paulo.

E o Exército? Têm sido visto por lá, porém em situações nem sempre compreensível. E a PM? Tem contribuído, mas poderia fazer mais. Como, por exemplo, evitar os arrombamentos, saques e até estupro de vulneráveis.

Infelizmente, apesar dos esforços hercúleos de tantos civis, o número de mortos continua a subir. No entanto, antes de contabilizarmos as perdas, precisamos reconhecer as centenas, milhares de vidas salvas nessa tragédia sem precedentes na história do Rio Grande do Sul e do Brasil. O resgate de cada pessoa emociona todo o país, desde jovens e adultos até idosos e, sobretudo, crianças. Quantos bebês receberam uma segunda chance graças à ação voluntária?

Ao acompanhar alguns resgates de bebês em vídeo é impossível não ser tomado pela emoção. Impossível segurar as lágrimas. A dor de uma criança, dói intensamente em mim.

Eu cresci ouvindo a frase de Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” Esta máxima, presente na obra “Os Sertões”, de 1902, destaca a resiliência do povo nordestino diante das adversidades da região. Como jornalista do sertão, nascido na única capital sertaneja, do Nordeste, testemunhei no dia-a-dia a luta do bravo povo nordestino contra a seca e outras dificuldades climáticas.

No entanto, diante das recentes enchentes que assolaram o Brasil, desde a Bahia até o Sul, especialmente afetando o povo gaúcho, arrisco-me a reformular essa frase: “O brasileiro é, antes de tudo, um forte”. Os gaúchos que enfrentaram essa tragédia são um exemplo disso.

Agora, nós, o povo brasileiro, poupado da dor de ter que viver tudo aquilo na pele, podemos ajudar mesmo de longe. Podemos contribuir com dinheiro, donativos. Aqui mesmo em Teresina há um posto de arrecadação no Aeroporto Petrônio Portela. E os Correios também entraram nessa operação solidária. E você pode despachar a sua doação numa agência dos Correios gratuitamente.

Só um detalhe: você pode até doar algo usado, porém que seja ainda aproveitável, usável. Algo digno. Não envie lixo, envie donativo.