As relações entre os governos brasileiro e israelense estão se tornando cada vez mais tensas devido a declarações consideradas antissemitas e virulentas pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. A reação às comparações feitas por Lula entre a guerra em Gaza e o Holocausto nazista gerou controvérsia tanto em Israel quanto no Brasil.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os judeus”, declarou Lula, no domingo, em coletiva em Adis Abeba, na Etiópia.
O governo brasileiro decidiu não se retratar, nem pedir desculpas, o que levou Israel a declarar o presidente Lula da Silva como ‘persona non grata’. Ao que se sabe essa é a primeira vez que um presidente do Brasil é considerado “pessoa não agradável”, “não querida” ou “não bem-vinda” por outra nação.
Mas afinal, o que significa ser ‘persona non grata’? Ser ‘persona non grata’ implica que o indivíduo não é reconhecido como membro da missão diplomática e é privado do status diplomático e consular, bem como das imunidades e privilégios que normalmente são concedidos para visitar o país em questão.
Esta não é a primeira vez que surgem tensões entre Lula e Israel. Em 2010, o governo israelense convidou Lula para visitar o túmulo de Theodor Herzl, conhecido como o pai do sionismo moderno, mas Lula recusou o convite. Na época, o Brasil pediu esclarecimentos sobre a inclusão da cerimônia na agenda de Lula, argumentando que a visita ao túmulo de Herzl não era uma prática comum em viagens oficiais.
Essa recusa exacerbou as tensões diplomáticas entre os dois países, marcando mais um capítulo na história conturbada de suas relações. Agora, Lula volta a ‘torpedear’ o governo de Israel e o povo judeu.
Difícil é compreender o que leva o governo brasileiro a tomar partido numa guerra que pouco ou nada tem a ver com o povo brasileiro e ainda assim, defender o lado errado. Afinal, Israel é uma nação livre e democrática que apenas defende-se do terror perpetrado por um grupo reconhecido pela maioria dos países ocidentais como terrorista.
O Brasil tem um histórico de nação pacífica e teve papel fundamental em questões decisivas tomadas pela Organização das Nações Unidas – ONU. Aliás, a diplomacia brasileira já produziu homens da estirpe de Osvaldo Euclides de Sousa Aranha. Osvaldo Aranha foi um político, diplomata e advogado brasileiro, que ganhou destaque nacional em 1930 sob o governo de Getúlio Vargas.
É conhecido na política internacional por sua atuação como presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1947, quando presidiu a sessão da Assembleia Geral da ONU que aprovou a Resolução 181, também conhecida como Plano de Partilha da Palestina, que estabeleceu a criação do Estado de Israel.
As boas relações entre o Brasil e o povo judeu surgiram no nascedouro do Estado de Israel. E lá se foram 77 anos de uma excelente relação diplomática ameaçada apenas duas vezes e pela mesma persona.