“O Brasil não é um país sério”, geralmente atribuída ao ex-presidente francês, Charles André Joseph Marie de Gaulle, foi originalmente proferida como “Edgar, le Brésil n’ont è pas un pays sérieux” pelo diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho ao jornalista Luís Edgar de Andrade, durante o incidente diplomático conhecido como Guerra da Lagosta. Naquela época, tal afirmação refletia a insatisfação do Brasil com a França.
Hoje, porém, essa frase adquire novos significados diante do cenário complexo em que o país se encontra. Não se trata mais apenas de uma questão diplomática, mas de uma realidade interna marcada por desafios profundos.
A ascensão do crime organizado, representada pelo Primeiro Comando da Capital – PCC, é um exemplo claro dessa transformação. Além do controle sobre mais de mil e cem postos de combustíveis, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e até usinas de etanol, o grupo expandiu seus horizontes para o mundo dos negócios aéreos, adquirindo jatinhos e helicópteros de luxo, avaliados em mais de US$ 30 milhões – cerca de R$ 160 milhões. É o que afirma Leandro Mazzini, colunista da revista Isto É.
Essa “mini frota aérea” não é apenas um símbolo de poder e riqueza para os membros do PCC. Ela também revela uma conexão ‘cabulosa’ e preocupante entre o crime organizado e a política. Investigadores descobriram que políticos de diferentes partidos têm utilizado essas aeronaves, o que levanta questões sérias sobre a integridade do sistema político brasileiro.
O PCC demonstra uma ousadia surpreendente ao investir nessa esfera política. A estratégia é clara: usar essas aeronaves como ferramentas de influência, aproximando-se de líderes partidários e preparando o terreno para lançar candidatos próprios em importantes eleições municipais.
Essa conjuntura revela não apenas os desafios enfrentados pelo Brasil, mas também a necessidade urgente de uma resposta eficaz e coordenada por parte das autoridades. Enquanto o país lida com questões como corrupção, crime organizado e desigualdade social, a frase “O Brasil não é um país sério” ganha uma nova dimensão, ecoando as complexidades de uma nação em busca de sua identidade e estabilidade política, econômica, social e sobretudo moral.