Em um Estado Democrático de Direito, a independência e harmonia entre os três poderes são fundamentais. No entanto, no Brasil, essa separação muitas vezes parece se confundir. A prática de ministros do Supremo Tribunal Federal – STF, deixarem a Corte para integrar o governo federal, ou vice-versa, tornou-se algo comum.
Essa situação levanta questionamentos, indicando que “algo está fora do lugar”. Infelizmente, tornou-se comum no país. No recente episódio, a ida de Dino para o STF e a indicação de Capelli para a Abin a pedido do ex-ministro da Justiça, revelam essa interação peculiar. Sem falar, é claro, na mudança de enderço de Ricardo Lewandowski que deixou a Praça dos Três Poderes para integrar a Esplanada dos Ministérios. Leia-se Ministério da Justiça!
Entenda: Capelli é cogitado para a agência de inteligência.
O ex-jornalista Ricardo Capelli, que ocupou o cargo de secretário-executivo no Ministério da Justiça sob a gestão de Flávio Dino, surge como um dos possíveis nomes para assumir a direção-geral da Abin, a agência de inteligência do governo. Com a iminente nomeação vitalícia de Dino para o STF, ele solicitou a Lula um cargo de destaque para seu protegido.
O atual diretor, Luiz Fernando Corrêa, indicado por Lula, deve ser substituído e é suspeito de abafar investigações da Abin contra autoridades. Não se sabe o que é pior: investigar adversários secretamente ou encobrir mal feito de aliados! O que você acha?
A notícia que passa quase despercebida da grande mídia, foi destaque na Coluna Cláudio Humberto – Poder, Política e Bastidores. Ex-militante do PCdoB, assim como Flávio Dino, Capelli pode se tornar mais um ‘não-especialista’ a assumir a Agência Brasileira de Inteligência.
Sem espaço na futura equipe de Ricardo Lewandowski (Justiça), que lhe reservou uma posição inferior, Capelli estava prestes a enfrentar o desemprego. Mas tem amigos poderosos que o protegem da fila dos desempregados.
Cláudio Humberto recorda que, “o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, ao qual a Abin é subordinada, demonstra resistência à indicação de Capelli, uma vez que ele e Dino têm relações conturbadas”.
A possível nomeação de Capelli para a Abin é vista como uma saída honrosa que pode acalmar os ânimos do PSB, único partido que perdeu espaço na gestão de Lula.