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Publicado em: 27 janeiro 2024 às 16:42 | Atualizado em: 27 janeiro 2024 às 16:42

Civil cumpre mandado de prisão, confunde alvo de 42 anos e prende inocente de 24 anos

Por Douglas Ferreira

Allan Santos relata prisão por engano ao ser confundido com homem de 42 anos em Teresina – Foto: Reprodução

Ocorrências policiais e detenções injustas envolvendo pessoas inocentes são mais frequentes do que se imagina. Nos últimos tempos, dois casos ganharam destaque na mídia, envolvendo pessoas conhecidas e influentes, como o ex-superintendente do Ibama e o empresário do agronegócio Tiago Junqueira. Os dois sofreram uma verdadeira campanha difamatória e enfrentaram uma maratona judicial para poder provar suas inocências. Além de gastar muito dinheiro com advogados de defesa.

No entanto, o foco desta matéria é um jovem trabalhador, Allan Santos da Silva, de 24 anos, que foi erroneamente preso ao ser confundido com um homem de 42 anos, quase o dobro de sua idade. A prisão equivocada ocorreu no sábado passado, dia 20. Tudo isso levanta questionamentos sobre a preparação da investigação policial e possíveis motivações, como falta de preparo de agentes ou mesmo má fé.

Conforme a decisão de soltura, Allan Santos da Silva foi preso no lugar de um homem de mesmo nome, porém de 42 anos, do Espírito Santo, cujo nome da genitora também é igual ao de sua mãe. No entanto, detalhes como fisionomia, filiação paterna e números de documentos apresentaram grandes diferenças entre os dois.

O entregador Allan Santos da Silva, de 24 anos, passou por uma prisão injusta em Teresina no último sábado (20), quando foi confundido com um homônimo 18 anos mais velho. Encaminhado a uma unidade prisional, teve o cabelo raspado e permaneceu três dias preso.

Ao procurar a Secretaria de Segurança, o G1 recebeu a informação de que não haverá pronunciamento. A Secretaria de Justiça se comprometeu a responder sobre o caso apenas na segunda-feira (29), e o Tribunal de Justiça ainda não se manifestou.

Allan relatou que cerca de 10 viaturas da Polícia Militar foram até o local onde estava com amigos, retiraram todas as mulheres do imóvel e verificaram os nomes e fichas criminais dos homens presentes. Ao buscar pelo nome de Allan, encontraram um mandado em aberto, mas que não era destinado a ele.

Ele descreveu a experiência como um “inferno” e expressou sua intenção de processar o estado pelos sofrimentos enfrentados durante a prisão. Ele destacou as condições da cela, onde chorou e pediu ajuda sem ser atendido. Afirmou que fará tudo ao seu alcance para responsabilizar o estado pelo ocorrido e agradeceu a Deus por ter sido libertado.

A decisão judicial que determinou a soltura destacou a “evidente discrepância” entre Allan e o verdadeiro destinatário do mandado, um homem de 42 anos, do Espírito Santo, condenado por roubo. Fisionomia, filiação paterna e números de documentos apresentaram diferenças significativas. O juiz Valdemir Ferreira Santos, da Central de Inquéritos de Teresina, ressaltou o “patente engano” e a discrepância entre os indivíduos.

A liberação só ocorreu após a intervenção do defensor público do Piauí, Juliano Leonel, que acompanhou a audiência de custódia de Allan. Ele ressaltou que a Polícia Militar não verificou detalhes cruciais, como os números de documentos, durante a prisão.

A confusão poderia ter sido esclarecida na audiência, mas, como o mandado foi expedido por um juiz do Espírito Santo, o alvará “desfazendo” a prisão não foi emitido imediatamente pela Justiça piauiense. Allan passou alguns dias em penitenciárias do Estado até ser solto, após a atuação da Defensoria.

O jovem, além de ter sido preso injustamente, relatou ter sofrido humilhações e ter sido impedido de entrar em contato com seus familiares. Encaminhado a diferentes unidades prisionais, teve seu cabelo raspado e pretende ingressar com uma ação contra o Estado pelos danos sofridos, destacando as dificuldades em retomar sua vida normal após o ocorrido.