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Publicado em: 16 maio 2024 às 12:46 | Atualizado em: 16 maio 2024 às 12:47

Cidade-esponja: A inovação chinesa na prevenção de desastres naturais

Por Douglas Ferreira

O crescimento desordenado das cidades ao redor do mundo, como visto recentemente no Rio Grande do Sul e em outras localidades, é um fator preocupante que contribui para situações catastróficas. Muitas vezes, rios, lagos e até mesmo o mar são aterrados para a expansão urbana e especulação imobiliária, resultando na cobertura de áreas que anteriormente absorviam águas pluviais. Para combater esses problemas e evitar tragédias, engenheiros têm buscado alternativas inovadoras pelo mundo afora. Uma dessas soluções, desenvolvida por um arquiteto chinês, é o conceito de cidade-esponja.

O arquiteto Kongjian Yu, renomado internacionalmente, é o criador desse conceito, inspirado em sua experiência de vida em uma pequena vila às margens de um rio na China. Ele viveu nesta vila por 17 anos, aprendendo a trabalhar em harmonia com a natureza, especialmente em uma região de monções, onde as chuvas são intensas no verão (Monções são fenômeno atmosférico caracterizado pela mudança sazonal na direção dos ventos, chamados de monção ou ventos monçônicos, em determinada área).

Ao se mudar para áreas urbanas, Yu compreendeu as razões por trás das inundações. Foi aí então que ele desenvolveu o conceito de cidade-esponja, baseado na capacidade natural da natureza de regular a água.

O método de cidade-esponja busca reter a água da chuva, reduzir a velocidade dos rios e criar áreas alagáveis que permitam que a água seja absorvida pelo solo, evitando danos e inundações. Essa abordagem já foi implementada em várias cidades chinesas, como Taizhou e Jinhua, onde muros de concreto foram substituídos por parques e áreas permeáveis, proporcionando maior resiliência contra desastres naturais.

Além de prevenir inundações, a cidade-esponja também contribui para o abastecimento de água durante períodos de seca, mantendo um equilíbrio ambiental fundamental. Diante da emergência climática global, essa inovação chinesa levanta questões importantes sobre a adaptação das cidades às mudanças climáticas e a necessidade de readequação urbana para enfrentar desafios futuros.