Por Douglas Ferreira
A Procissão da Sanfona, realizada no Centro de Teresina, transformou a cidade em um verdadeiro palco de devoção e cultura popular nordestina. O evento deste ano, que homenageou o cearense Padre Cícero Romão Batista e o maranhense João do Vale, foi uma festa de cores, sons e fé que reuniu um público diversificado, de crianças a idosos, sanfoneiros a zabumbeiros.
Homenagens e participação popular
Em 2024, a procissão celebrou os 180 anos de nascimento de Padre Cícero e os 90 anos do músico, cantor e compositor João do Vale. A festividade, que já se consolidou como um dos eventos culturais mais marcantes do Nordeste, atraiu não apenas os moradores da capital, mas também pessoas de várias partes do Piauí e de outros Estados da região.
O pequeno Victor Hugo Moreno, por exemplo, foi um dos muitos que se encantaram com os bonecos gigantes que abrilhantaram o evento. “Eu tirei foto com o Lampião e o Padre Cícero”, contou ele, visivelmente orgulhoso.
A procissão e o Dia da Cultura Nordestina
Realizada em 2 de agosto, a procissão também marcou o Dia da Cultura Nordestina, uma data especial que homenageia o legado cultural do Nordeste, escolhida em memória do falecimento de Luís Gonzaga, o icônico e imortal ‘Rei do Baião’.
O evento começou com uma missa na Catedral Metropolitana Nossa Senhora das Dores, na Praça Saraiva, e seguiu pelas ruas do comércio de Teresina, levando multidões à Praça Rio Branco, à Praça da Bandeira e ao Museu do Piauí.
Sanfona: Um legado de família
Entre os mais de 50 sanfoneiros que participaram, Marquinhos Mel destacou-se ao lembrar a importância da sanfona em sua família. Ele, junto com seus irmãos, integra a Orquestra Sanfônica do Piauí e vê na procissão uma forma de homenagear não apenas os ícones culturais, mas também seu próprio pai, de quem herdou o amor pelo instrumento. “Minha família é toda de sanfoneiros! Fazemos também uma procissão como essa na minha cidade natal, Regeneração”, contou Marquinhos.
Uma festa multicultural
Além das sanfonas, a procissão reuniu tocadores de outros instrumentos tradicionais do forró, como o ganzá, o triângulo, a zabumba e a rabeca. Valdeci Braga, de 65 anos, compartilhou sua paixão pela rabeca, um instrumento que ele mesmo fabrica e que já foi exportado para lugares como Argentina e Espanha. “Abandonei o violão pela rabeca e até hoje não paro. É um instrumento muito antigo, que chegou ao Brasil na época do descobrimento”, relatou.
Um evento nacional
Para o professor Wilson Seraine, organizador do evento e fervoroso admirador de Luiz Gonzaga, a Procissão da Sanfona de Teresina já se consolidou como uma das maiores manifestações de música de rua do Brasil.
“A procissão a cada ano se solidificando como uma das maiores manifestações de música na rua que tem no Brasil. Vem gente de fora, de Fortaleza, de outros municípios. Já é um evento nacional”, comentou ele, emocionado.
A Procissão da Sanfona, com sua mistura de fé, música e tradição, mais uma vez, deixou sua marca no coração de Teresina, reafirmando a riqueza e a vitalidade da cultura nordestina.