O presidente do Banco Central – BC, Roberto Campos Neto, analisou nesta quinta-feira, 17, que o superávit primário alcançado no ano anterior foi influenciado por uma inflação mais alta e pelo congelamento dos salários do funcionalismo público. No primeiro semestre deste ano, o Governo Central registrou um déficit primário de R$ 46,5 bilhões.
Campos Neto ressaltou que, em alguns casos, a arrecadação tem sido inferior às expectativas, apesar do crescimento econômico. Ele explicou que isso ocorre quando há uma mudança no padrão de consumo, com uma redução no consumo de bens e um aumento no consumo de serviços, ou quando o crescimento econômico se baseia mais na agricultura, o que resulta em menor arrecadação.
Sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do BC enfatizou seu comprometimento em melhorar o resultado fiscal. Ele observou que essa tarefa não é fácil e destacou a importância de se implementar soluções estruturais para os desafios fiscais. Campos Neto reforçou a necessidade de aprovação de medidas de arrecadação para alcançar um resultado fiscal equilibrado até 2024.
Campos Neto levantou a questão sobre a aprovação e impacto das medidas de receita, enfatizando que o objetivo não é necessariamente atingir um resultado fiscal exatamente zero, mas sim demonstrar a trajetória em direção ao equilíbrio das contas públicas que o mercado observa.
Mais uma vez, o presidente do BC destacou a importância de abordar estruturalmente o crescimento real dos gastos públicos no Brasil, que está projetado para exceder as expectativas de outros países emergentes neste e nos próximos anos. Ele mencionou a reforma administrativa como uma medida crucial de longo prazo que pode antecipar ganhos.
Campos Neto concluiu enfatizando que existem desafios complexos, como a indexação legal de 40% das despesas, que tornam a contenção de gastos uma tarefa complicada. Ele reconheceu a aspiração por cortes de gastos, mas ressaltou a complexidade da situação.
Redação Move Notícias com informações do Estadão Conteúdo