Por Wagner Albuquerque
No último trimestre de 2023, a BYD assumiu a posição de maior empresa de veículos elétricos do mundo, ultrapassando a Tesla. De acordo com um comunicado à bolsa de valores, a empresa chinesa registrou um recorde de vendas no ano anterior, com 525.409 veículos elétricos a bateria (VEBs) vendidos nos últimos três meses até 31 de dezembro. No mesmo período, a Tesla entregou 484.507 veículos, também um recorde.
Ao longo do ano, a Tesla, de Elon Musk, ainda superou a BYD, vendendo 1,8 milhão de carros elétricos, enquanto a BYD comercializou 1,57 milhão de veículos elétricos, representando um aumento de 73% em relação a 2022, além de 1,44 milhão de híbridos. Contudo, a vantagem da Tesla sobre sua concorrente chinesa em 2023 foi consideravelmente menor do que as 400.000 unidades registradas em 2022, ficando em cerca de 230.000 unidades.
O notável crescimento da BYD, apoiada por Warren Buffett, reflete o avanço da indústria de veículos elétricos na China. O país está rapidamente se transformando, graças ao apoio do governo chinês à transição para veículos elétricos. Pequim estabeleceu a meta de que, até 2025, pelo menos 20% dos carros novos vendidos anualmente sejam veículos de energia renovável (NEV), englobando BEV, híbridos plug-in e veículos com células de combustível de hidrogênio. Até 2035, o governo prevê que os NEVs se tornem a “corrente principal” das vendas de carros novos.
Os dados divulgados pela Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis indicam que a primeira meta foi alcançada em 2022, cerca de três anos antes do previsto. A segunda meta também pode ser atingida antes do esperado.
Nos primeiros 11 meses de 2023, foram vendidas 8,3 milhões de unidades de veículos de energia renovável, representando mais de 30% das vendas totais de automóveis. Miao Wei, ex-ministro do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, afirmou em um fórum automotivo em novembro que a meta governamental de atingir 50% de NEV até 2035 provavelmente será alcançada até 2025 ou 2026, no máximo, de acordo com a mídia estatal.
O protagonismo da China na indústria global também se deve à sua escala de mercado, mão-de-obra acessível e domínio da cadeia de abastecimento, conforme apontam analistas do Natixis Asia, um banco de investimento francês.
Apesar do crescimento, a intensificação da concorrência e uma guerra de preços impactaram as margens de lucro dos fabricantes de automóveis no ano passado. Com a desaceleração da economia chinesa, as montadoras estavam preocupadas com a redução da demanda. Em resposta, a Tesla reduziu os preços na China em janeiro, desencadeando uma guerra de preços que afetou as margens de lucro de todo o setor.
Nos primeiros 11 meses de 2023, a indústria automobilística chinesa registrou uma margem de lucro de apenas 5%, abaixo dos 5,7% de 2022 e dos 6,1% de 2021, de acordo com dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros.
Para compensar a desaceleração no mercado interno, fabricantes de automóveis chineses estão buscando expansão fora do continente, com investimentos na Europa, Austrália e Sudeste Asiático. A BYD, por exemplo, anunciou recentemente a construção de sua primeira fábrica de veículos elétricos na Hungria, já no Brasil, a gigante chinesa irá produzir seus carros no estado da Bahia.