Por Wagner Albuquerque
A Boeing aceitou se declarar culpada em uma investigação sobre dois acidentes aéreos envolvendo o modelo 737 MAX, ocorridos em 2018 e 2019, na Indonésia e na Etiópia, que resultaram na morte de 346 pessoas. A maior empresa aeroespacial do mundo pagará uma multa milionária após um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O anúncio foi feito no último domingo (07/07).
O acordo, que ainda precisa ser aprovado por um juiz federal, envolve a admissão de culpa por fraude na certificação desses aviões e evitaria um julgamento. A Boeing pagará uma multa de 244 milhões de dólares e investirá 455 milhões de dólares, nos próximos três anos, para melhorar seus programas de conformidade e segurança. No entanto, o valor é significativamente menor do que os 24,8 bilhões de dólares que as famílias das vítimas exigiam da fabricante.
Desde janeiro deste ano, quando o painel da porta de um 737 MAX 9, da Alaska Airlines, se desprendeu em pleno voo, a Boeing passou a ser minuciosamente investigada por diferentes agências do governo americano. As investigações descobriram falhas no processo de fabricação da aeronave, manchando ainda mais a reputação da empresa já abalada pelos acidentes anteriores. Em comunicado, a Boeing confirmou que havia chegado a “um princípio de acordo sobre os termos de uma resolução com o Departamento de Justiça, sujeito à aprovação de termos específicos”.
Os dois acidentes que motivaram o acordo ocorreram num intervalo de seis meses e envolveram o modelo 737 MAX 8. O primeiro foi em outubro de 2018, num voo da Lion Air que caiu no mar após decolar de Jacarta, na Indonésia. O segundo, em março de 2019, foi um voo da Ethiopian Airlines que caiu minutos após decolar de Adis Abeba, na Etiópia. Em 2020, um relatório do Congresso dos Estados Unidos revelou falhas de design e uma cultura de acobertamento na empresa, além de erros por parte da Administração Federal de Aviação (FAA). Esses acidentes deixaram um prejuízo histórico para a Boeing, que continua a enfrentar investigações e críticas por suas práticas de segurança e controle de qualidade.