A escalada nos preços dos combustíveis está projetando um impacto significativo sobre a taxa de inflação. O recente anúncio da Petrobras, marcando seu primeiro reajuste de preços desde o início do governo, revelou um aumento de 16,2% para a gasolina (equivalente a um acréscimo de R$ 0,41 por litro) e 25,8% (R$ 0,78) para o diesel em suas refinarias. A repercussão imediata deste anúncio levou os analistas de mercado a reavaliar suas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, para o ano, enquanto até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu o impacto inflacionário resultante do “considerável aumento”.
Campos Neto destacou o efeito direto na cadeia de suprimentos, observando que o aumento dos preços dos combustíveis poderia contribuir com cerca de 0,40 ponto percentual no IPCA entre os meses de agosto e setembro.
O Itaú Unibanco também revisou suas previsões para a inflação, aumentando sua estimativa de 4,9% para 5,1% no final do ano. O banco calcula que o aumento no preço da gasolina pode resultar em um acréscimo de 0,32 ponto percentual, enquanto o reajuste no preço do diesel poderá representar um acréscimo adicional de 0,02 ponto percentual. O banco explicou que o movimento da Petrobras superou suas expectativas de curto prazo, que projetavam um reajuste menor na gasolina, aproximadamente em torno de 5%. Outro player no mercado, a Warren Rena, também revisou sua projeção de inflação, passando de 4,6% para 5%.
A administração atual da Petrobras enfrentou críticas por retardar o repasse dos aumentos de custos relacionados à aquisição de petróleo para os preços do mercado doméstico. Em maio, a empresa abandonou o antigo modelo de Preço de Paridade de Importação (PPI), que seguia as flutuações dos preços internacionais.
No comunicado que acompanhou a divulgação dos novos preços, a Petrobras explicou que, devido a estar operando no limite de sua otimização, foi necessário efetuar ajustes nos preços dos combustíveis, seguindo a estratégia comercial e buscando equilíbrio com o mercado e valores marginais para a empresa. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), mesmo após o reajuste, os preços ainda estão defasados em relação aos valores no exterior.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.