Por Douglas Ferreira Lima, com informações Cidade Verde
Revoltante, triste, deprimente, desumano. É assim que os pais de crianças com transtorno do espectro autista descrevem a suspensão das terapias essenciais por parte dos planos de saúde. Em uma audiência pública promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Piauí, a indignação e o desespero desses pais foram palpáveis, destacando uma situação inédita e angustiante.
Pais clamam por providências em meio ao caos
Durante a audiência, realizada na tarde desta quarta-feira, 24, na sede da OAB, pais e mães de autistas relataram a situação caótica que enfrentam devido às constantes interrupções das terapias. Muitos pais, em lágrimas, expressaram a urgência de uma solução, enfatizando o impacto devastador na vida de seus filhos, tanto em casa quanto na escola.
OAB pede ação contra planos de saúde
A OAB convocou representantes dos planos de saúde para a audiência, onde foi ressaltado que a suspensão das terapias sem aviso prévio é desumana. Mirna Castro Mouzinho, presidente da Comissão dos Autistas, afirmou que esses cancelamentos são “ilegais, imorais e inconstitucionais”. Ela explicou que a ausência de terapias causa regressão nos autistas, prejudicando severamente seu desenvolvimento.
Crescimento das queixas
Williams Cardec, presidente da Comissão de Saúde da OAB, destacou um aumento de mais de 50% nas queixas dos pais de autistas nos últimos quatro meses. “Há um ano realizamos uma audiência sobre esse problema e as demandas só aumentam. Nos últimos quatro meses, as queixas cresceram em ceerca de 50%,” afirmou Cardec.
Participação de diversos representantes
A audiência, organizada pelas Comissões de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo e Direito à Saúde da OAB Piauí, contou com a presença de representantes dos planos de saúde, profissionais de saúde, clínicas e beneficiários. Astrid Lages, jornalista do movimento Autista Legal Teresina, classificou a situação como um “caos”, denunciando o desrespeito recorrente dos planos de saúde. “As mães enfrentam um verdadeiro calvário para obter diagnósticos e atendimento de saúde. Queremos respeito e cumprimento da lei”, declarou.
Auditorias e justificativas dos planos de saúde
Paulo Gustavo Sepúlveda, advogado do plano de saúde Humanas, afirmou que a responsabilidade pela suspensão das terapias recai sobre as clínicas conveniadas. Ele mencionou que auditorias detectaram pagamentos irregulares a algumas clínicas, incluindo uma que teria cobrado R$ 660 mil, dos quais R$ 160 mil são suspeitos de cobrança indevida. Sepúlveda pediu aos pais que não assinem listas de presença quando não puderem comparecer às terapias e informou que a operadora já abriu mais de 2 mil vagas, com a promessa de criar mais 800 até setembro.
Compromisso com a solução
“Ouvimos as reclamações e vamos levá-las à direção para buscar soluções”, disse Sepúlveda, destacando o esforço histórico da Humanas para garantir a cobertura das terapias.
Conclusão
A audiência pública deixou claro que a luta dos pais de autistas por um atendimento digno e contínuo está longe de terminar. O apelo por providências urgentes e o cumprimento da lei ecoa em cada relato de sofrimento e desespero, reforçando a necessidade de ações concretas e imediatas para proteger os direitos dessas crianças e suas famílias.