Por Douglas Ferreira
É incontestável que o Brasil figura entre os países que mais investem em Educação. Segundo o Inep foram 5% do PIB em 2022. No entanto, a crescente posição desfavorável do país no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) sugere que há desafios a serem enfrentados no método ou na pedagogia aplicados aos estudantes brasileiros.
Os resultados divulgados pelo Pisa 2022 revelam uma deterioração no desempenho dos estudantes em matemática, ciências e leitura após a pandemia da Covid 19, posicionando o Brasil entre os 20 piores do mundo em matemática e ciências, e entre os 30 piores em leitura, abrangendo as três áreas do conhecimento avaliadas pelo programa.
Os dados, divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, em Paris, indicam que mais de 14 mil estudantes de 420 municípios brasileiros foram submetidos aos exames. Surpreendentemente, a análise dos resultados sugere que a influência da pandemia pode não ser o único fator responsável pelo declínio no desempenho.
O relatório da OCDE aponta que, ao observar as tendências anteriores a 2018, o desempenho em Leitura e Ciências já apresentava declínio significativo antes da pandemia. O que indica a existência de questões de longo prazo em jogo.
O Brasil, de acordo com o relatório, seguiu a tendência global, embora suas perdas tenham sido menos acentuadas que a média dos países-membros da OCDE. O declínio mais pronunciado ocorreu na área de matemática, com a nota brasileira reduzindo de 384 para 379 entre 2018 e 2022. Em leitura, houve uma diminuição de 413 para 410 pontos, enquanto em ciências a nota passou de 404 para 403 no mesmo período.
Os dados também ressaltam que países que enfrentaram menor tempo com escolas fechadas conseguiram manter ou até mesmo melhorar seus resultados após a pandemia. No Brasil, por outro lado, 74% dos estudantes passaram, em média, mais de três meses com escolas fechadas, contrastando com a média global de 51%.
O destaque no Pisa 2022 foi Singapura, com 575, 543 e 561 pontos em matemática, leitura e ciência, respectivamente. Na América do Sul, os estudantes chilenos mantiveram o melhor desempenho, alcançando 412 pontos em matemática, 448 em leitura e 444 em ciências.
