Por Douglas Ferreira
Foi preciso esperar uma semana inteira após a polêmica abertura das Olimpíadas de Paris 2024 para que o Vaticano finalmente se pronunciasse sobre o assunto que chocou o mundo cristão. Mas por que essa demora? Por que a principal autoridade da Igreja Católica escolheu o silêncio diante de um escândalo que incendiou discussões globais? Estaria o Vaticano temendo alguma repercussão? Ou talvez esperando que a poeira baixasse?
A cena controversa que associou a Santa Ceia ao meio LGBT não passou despercebida, e as reações não demoraram a surgir. A indignação foi tanta que a organização dos jogos acabou por remover o trecho da cerimônia de seu site oficial, além de emitir um pedido de desculpas quando um patrocinador decidiu abandonar o evento.
Finalmente, neste sábado (3), o Vaticano quebrou o silêncio. Em uma nota oficial, a Santa Sé declarou estar “entristecida por algumas cenas” da cerimônia de abertura, que foram vistas por muitos como uma ofensa à fé cristã. A mensagem, divulgada pelo Vatican News, expressou solidariedade com aqueles que se sentiram ofendidos, reiterando que em um evento que deveria celebrar valores comuns, não há espaço para ridicularizar crenças religiosas.
Curiosamente, o Vaticano optou por não citar diretamente as cenas ou personagens envolvidos, mas ficou claro que a polêmica se concentrou na representação de uma festa que, para muitos, evocou a Última Ceia de Jesus com seus apóstolos. Os organizadores, por outro lado, negam que essa fosse a intenção, afirmando que o objetivo era apenas retratar uma celebração pagã liderada por Dionísio, deus grego do vinho e do teatro.
O diretor artístico da cerimônia, Thomas Jolly, defendeu a obra como uma “mensagem de amor e inclusão”, mas as explicações não foram suficientes para abafar as críticas. Até líderes globais, como o presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o aiatolá Ali Khamenei, do Irã, condenaram a apresentação, assim como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que a chamou de “vergonhosa”.