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Publicado em: 2 janeiro 2024 às 13:58 | Atualizado em: 3 janeiro 2024 às 07:00

Análise de riscos e otimismo: Por que o mercado iniciou 2024 de forma promissora, apesar dos alertas?

Por Douglas Ferreira com informações Exame

O mercado começou o ano de 2024 com as melhores projeções para a economia brasileira desde o ano de 2021 – Foto: Reprodução

Vamos direto ao ponto: Por que o mercado começou 2024 mais otimista do que no ano passado, e por que isso é um risco? Fato: o Ibovespa inicia o primeiro pregão do ano próximo da máxima histórica, e o dólar experimenta a maior queda desde 2016.

O mercado começou 2024 com as melhores projeções para a economia brasileira desde 2021, marcando a recuperação dos impactos da pandemia. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta terça-feira, 2, o PIB deve encerrar 2024 em 1,52%, o IPCA em 3,90%, e o dólar a R$ 5,00. No mesmo período de 2023, as projeções eram de PIB de 0,8%, IPCA de 5,31%, e dólar a R$ 5,27. Todos os indicadores terminaram 2023 melhor do que o esperado.

O resultado acima do esperado da economia brasileira influenciou a dinâmica de preços no mercado doméstico. No início do ano passado, gestores estavam preocupados com a saúde fiscal durante o governo Lula III, especialmente com Fernando Haddad no Ministério da Fazenda. Desde então, houve algumas surpresas positivas nesse processo.

O novo arcabouço fiscal, que ainda seria desenhado, saiu melhor que o esperado por investidores, e houve avanço na reforma tributária. A melhora na nota de crédito do Brasil pelas agências de classificação de risco também contribuiu. O lado fiscal permanece como um ponto de atenção, mas o juro da dívida tem diminuído com o ciclo de cortes da taxa Selic iniciado pelo Banco Central.

Os cortes de juros tendem a aquecer a economia e, consequentemente, a inflação. No entanto, as projeções para o IPCA de 2024 estão dentro da banda de tolerância. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinaliza que o ritmo de cortes de 0,50 p.p. continuará nas próximas decisões.

Quanto ao cenário internacional, o Banco Central admite melhora. A maior fonte de otimismo vem dos Estados Unidos, que deverá iniciar o ciclo de corte de juros ainda no primeiro trimestre deste ano. A expectativa é que o Fed sinalize a queda de juros na primeira decisão do ano, no fim deste mês.

Para a decisão seguinte, em março, o mercado já precifica mais de 70% de chance de o Fed iniciar os cortes de juros. Até o fim de 2024, investidores precificam uma probabilidade de mais de 70% de os juros americanos, hoje entre 5,25% e 5%, caírem para menos de 4%, sem recessão. O alto nível de empregabilidade nos EUA, com maior consumo de serviços após restrições pela pandemia, tem ajudado o Fed a alcançar o tão sonhado “pouso suave”, com controle da inflação sem contração econômica.

Mesmo com os juros em alta no ano passado, os principais índices de Wall Street fecharam 2023 em forte alta. O S&P 500 subiu 23%, e o Nasdaq, com maior participação de big techs, disparou 44%, impulsionado pelos avanços da inteligência artificial.

As projeções do mercado indicam que novas altas aguardam investidores em 2024. O consenso é que o S&P 500 feche acima de 5.000, reservando cerca de 6% de alta. As estimativas para o Ibovespa são ainda mais otimistas, fechando entre 141.000 e 160.000 pontos. As projeções indicam um potencial de alta entre 5% e 19%, mas, para este ano, os espaços para surpresas positivas são menores. O mercado é movido pela expectativa.