Por Douglas Ferreira
Enquanto o Estado do Amazonas enfrenta uma das piores secas de sua história, a população amazonense também lida com um aumento alarmante das queimadas. Em um único dia, o Amazonas registrou um recorde de 783 focos de incêndio, conforme dados do Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Somente no mês de julho de 2024, o Estado já acumulou 4.072 focos de queimadas, o maior número registrado desde 1998.
Agravamento da crise
A situação se agrava devido à seca extrema que assola a região. Em 29 de julho, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou Estado de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, vitais para várias cidades do Amazonas. Esse fenômeno climático tem contribuído significativamente para o aumento dos incêndios florestais, complicando ainda mais a situação.
Municípios mais afetados
Apuí é o município mais afetado, liderando o ranking nacional com 1.434 focos de incêndio até 30 de julho. Lábrea segue em segundo lugar, com mais de 900 focos registrados. Estas cidades superaram Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, que anteriormente liderava a lista. Além de Apuí e Lábrea, as cidades de Itaituba (PA) e Porto Velho (RO) também estão entre as mais atingidas.
Estratégias de combate
Em resposta à crise, o Ibama deslocou três brigadas de combate ao fogo para o Sul do Estado, conhecido como “arco do fogo”, com operações concentradas em Humaitá, Manicoré e Apuí. Uma quarta brigada foi enviada para Autazes, totalizando 110 brigadistas atuando na região. Joel Araújo, superintendente do Ibama, ressaltou que além do combate direto aos incêndios, o órgão tem promovido ações de educação ambiental para conscientizar a população sobre os perigos do uso do fogo.
Qualquer observador tenta entender como quatro brigadas com 110 homens ao todo seja capaz de dar conta de quase mil focos de incêndio isso em pelo menos três Estados da região amazônica.
Ações do governo
O Governo do Amazonas intensificou suas ações de combate às queimadas através da Operação Tamoiotatá, que envolve a colaboração de órgãos estaduais e federais. Desde junho, a operação resultou na aplicação de R$ 14 milhões em multas, além de prisões e apreensões de material ilícito. Outras iniciativas, como as operações Aceiro e Céu Limpo, também estão em andamento, focando na repressão de crimes ambientais e no monitoramento da qualidade do ar.
Emergência ambiental
A gravidade da situação levou 22 dos 62 municípios do Amazonas a declararem estado de emergência ambiental. Durante os 180 dias desse período emergencial, as queimadas estão proibidas. O cenário atual remete ao ano de 2023, que foi o segundo mais crítico desde o início do monitoramento pelo Inpe, com mais de 20 mil queimadas registradas.
Monitoramento e fiscalização
O governo do Estado também está reforçando a fiscalização ambiental com a inauguração do Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP) e a implementação de sensores para monitoramento da qualidade do ar. Essas ações são baseadas em dados de satélites e monitoramento contínuo, visando mitigar os impactos da crise e controlar as queimadas de maneira eficaz.