Por Douglas Ferreira
Um estudo divulgado pela Fundação do Câncer revelou dados alarmantes sobre o impacto do tabagismo no Brasil, especialmente no que diz respeito ao câncer de pulmão. Segundo a pesquisa apresentada no 48º encontro do GRELL 2024, na Suíça, o tabagismo está diretamente associado a 80% das mortes por câncer de pulmão em homens e mulheres no país.
O epidemiologista Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer, enfatizou a importância desses dados para a implementação de ações de prevenção da doença. Ele alertou para os riscos crescentes representados pelo uso do cigarro eletrônico, que tende a introduzir mais jovens ao hábito de fumar, aumentando ainda mais os índices de mortalidade por câncer de pulmão.
Além dos impactos na saúde, o estudo também apontou para os elevados custos socioeconômicos associados ao câncer de pulmão, que chegam a cerca de R$ 9 bilhões anuais no Brasil. Surpreendentemente, a indústria do tabaco cobre apenas 10% dos custos totais relacionados a todas as doenças associadas ao câncer de pulmão no país, que somam aproximadamente R$ 125 bilhões por ano.
Os dados regionais revelam uma situação preocupante no Sul do Brasil, onde o hábito de fumar é mais intenso e há uma maior incidência de casos de câncer de pulmão, superando a média nacional tanto em homens quanto em mulheres. Esta região também se destaca por apresentar o maior índice de mortalidade entre os pacientes diagnosticados com câncer de pulmão, especialmente na faixa etária de 40 a 59 anos.
Independentemente da região, a pesquisa mostrou que a maioria dos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão possui nível fundamental de escolaridade e está na faixa etária de 40 a 59 anos. Embora as taxas de incidência e mortalidade sejam mais baixas entre as mulheres, a expectativa é que a mortalidade por câncer de pulmão continue aumentando em mulheres com idade igual ou superior a 75 anos até pelo menos 2036-2040.