Por Douglas Ferreira
Esta saga da fuga dos dois detentos da penitenciária de ‘segurança máxima’ de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, parece não ter fim. A cada dia, um novo capítulo impressionante é adicionado à história de Deibson Cabral do Nascimento e Rogério da Silva Mendonça.
Os dois protagonizaram a primeira fuga registrada em um presídio federal na história do país. Uma fuga repleta de elementos no mínimo intrigantes: embora estivessem em celas separadas, conseguiram escapar juntos, no mesmo horário. A fuga ‘sincronizada’ passou despercebida pelos policiais penitenciários de plantão, já que algumas câmeras estavam desligadas. Para cortar a cerca de proteção, encontraram ‘por acaso’ um alicate de corte, uma torquês, pelo caminho, e a fuga só foi percebida horas depois.
Uma Força-tarefa com 600 agentes foi mobilizada e equipada com tecnologia de ponta, incluindo helicópteros, drones, sensores de temperatura e cães farejadores. No entanto, após 45 dias de busca, a Força-tarefa reconheceu o fracasso e a incapacidade de recapturar os dois fugitivos, dentro da mata, sendo desmobilizada e mantendo-se apenas o serviço de inteligência em atividade.
Os fugitivos teriam deixado o Rio Grande do Norte pelo mar, sendo levados por um barco de Icapuí, município que fica na divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte e faz parte da Rota das Falésias, até a praia de Pesqueiro, no Estado do Pará. Enquanto tentavam escapar e até comemoravam o sucesso da fuga, foram rastreados pelo serviço de inteligência da Polícia Federal, através de sinais dos celulares usados pela dupla. Mesmo trocando de chips constantemente, a PF pôde monitorar as pessoas que estavam em contato com os fugitivos, que, segundo a polícia, estariam tentando deixar o país, possivelmente pela fronteira com a Bolívia.
No momento da prisão dos dois e de mais quatro comparsas que faziam a escolta, as polícias federal e rodoviária federal apreenderam um fuzil, três carregadores, munição abundante e uma pequena quantia em dinheiro. Agora, ao aprofundar a perícia nos veículos, a polícia encontrou outro fuzil escondido embaixo do banco de um dos três carros usados na fuga: um Jeep, um Polo e um Corsa.
O fuzil foi descoberto no veículo que transportava um dos recapturados, com a ajuda de um cão farejador do Canil da Guarda Municipal. Já recolhidos em celas separadas mais uma vez no presídio de Mossoró, os dois narcotraficantes acreanos, seguem cumprindo pena.
E o Ministério da Justiça e Segurança Pública demitiu Humberto Gleydson Fontinele Alencar do cargo de diretor da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A medida foi publicada na edição desta 6ª feira (5.abr.2024) do Diário Oficial da União.