O ano eleitoral de 2024 em Teresina vem apresentando surpresas. Uma das mais intrigantes é o discurso pré-fabricado de que haveria em curso um movimento em torno da candidatura de Fábio Novo (PT) em função da política não ter mais um caráter ideológico. Tal narrativa é ilógica e nega a essência da própria política visando substituí-la por “técnicos insulados e desinteressados”.
Há um enorme paradoxo em tal ideologia. Elaborada com o intuito de esconder as paixões e os interesses da nova oligarquia, a política seria salva ou sepultada, pela atuação de indivíduos com poderes demiúrgicos exatamente oriundos do partidarismo predatório montado pela máquina partidária mais longeva da história política piauiense e que tem uma única finalidade: “extirpar a oposição”.
Se a oposição é entrave para setores que jamais notam legitimidade num ponto de vista divergente, a tal democracia é apenas uma ficção. Possuir visões heterogêneas sobre assuntos públicos é salutar. Porém, se “governistas”, “adesistas” e quem objetiva alguma “sinecura estatal” tem pôr fim a manutenção de privilégios historicamente herdados, o subdesenvolvimento é o soberano.
Em tal lógica, processos eleitorais podem ser meramente protocolares em virtude de se saber a antecipação de resultados. A incerteza do jogo é a regra nas democracias avançadas entre os competidores. No terceiro-mundo, os slogans proliferam. “O novo sempre vem”. Acrescente-se: não há nada de novo na pobreza ou miséria. O “andar de baixo” sabe o significado de tal estado de coisas…
Por Cleber de Deus – PhD em Ciência Política e Consultor Político