Neste enredo intrigante, guardado a sete chaves e conhecido apenas pelos sábios leitores de “Ócio Criativo”, mergulhamos nos encantos do Brasil sob o olhar apaixonado de Domenico De Masi. Um romance que celebra não apenas o calor humano, mas a própria vida, através de um legado que transcende despedidas tristes.
O cenário se desenha com Domenico De Masi, o gênio, cuja obra literária se tece com os fios dourados do Nordeste. Num relato autobiográfico, ele compartilha sua visão ousada: a de que é possível dançar com a vida enquanto se trabalha, se diverte e se aproveita cada momento.
“Ócio Criativo”, a peça central desta narrativa, é uma sinfonia que ecoa a inspiração encontrada no Nordeste. Uma terra abençoada, onde se pode viver com dignidade, desfrutando das dádivas que a vida nos oferece, desde a natureza exuberante até as delícias do turismo, da diversão e do descanso.
O sociólogo italiano traça um roteiro especial, com destaque para as praias douradas do litoral baiano, onde esse conceito ganha vida. No entanto, mesmo sem pisar em outros tesouros escondidos do Nordeste, como a Chapada Diamantina, os cânions do São Francisco, ou as praias de Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, ele sustenta que é possível encontrar o equilíbrio entre trabalho e alegria. Sem a pesada carga do labor exaustivo, os momentos de repouso se transformam em oportunidades para a dança do “ócio criativo”.
Domenico De Masi, tinha uma relação de amor pelo Brasil
Já basta dizer que Domenico De Masi é italiano de nascimento. Sim, porque na verdade o sociólogo era um cidadão do mundo bebeu em muitas fontes do saber, mergulhou em culturas do ‘além mar’. Ostentava saber, cultura, escreveu 20 obras, incluindo “Ócio Criativo”, “Desenvolvimento Sem Trabalho”, “A Emoção e a Regra”, e “O Futuro do Trabalho”. De Masi era do tipo que falava manso e exalava humildade e, assim, conquistou corações em por onde passou.
Seu relacionamento com o Brasil é incrivelmente mágico. Uma história de admiração e afinidade. Não a toa tornou-se um dos autores estrangeiros mais queridos e lidos no país, com mais de dez livros traduzidos para o português. Ele também mergulhou fundo na sociedade e cultura brasileira, traçando paralelos com outras nações e encontrando no Brasil um exemplo de tolerância, diversidade e criatividade.
Domenico De Masi não apenas explorou as páginas de seus livros, mas também a amizade com gigantes brasileiros, guardava relações especiais com o Brasil e seu povo: escreveu sobre a sociedade do país, fez amigos por aqui (como o arquiteto Oscar Niemeyer) e estudou o legado de escritores como Gilberto Freyre.
Atingiu as terras brasileiras em diversas ocasiões, participando de eventos, palestras e entrevistas. Esteve no Piauí onde proferiu palestra no 3º Painel Jurídico no auditório do SESC/SENAC (nesta ocasião eu o entrevistei).
O Rio de Janeiro, com seu carnaval vibrante e samba apaixonado, o honrou com o título de cidadão honorário. Ele olhou para o turismo brasileiro com olhos brilhantes, revelando o potencial das maravilhas naturais e da alma do povo brasileiro, especialmente do Nordeste. Até o último suspiro, ele acariciou o Brasil com um respeito profundo e um amor inquebrantável.
E agora, você se pergunta: o que é, afinal, essa dança do “Ócio Criativo”?
É o conceito magistral criado por Domenico De Masi. Ele sustenta que o tempo livre é um ingrediente essencial para fermentar o bem-estar na era pós-industrial. É uma dança, uma sinfonia que harmoniza o trabalho, o estudo e o jogo. Uma performance que libera nossas potencialidades humanas e deixa nossas almas dançarem na criatividade.
No palco do “ócio criativo”, não há espaço para preguiça ou inatividade. É uma escolha consciente de como usar nossos momentos livres para nos dedicarmos a atividades prazerosas, culturais e sociais que nutrem nosso crescimento pessoal e coletivo. Ele propõe uma nova coreografia para a sociedade, onde o trabalho, o estudo e o lazer se entrelaçam em uma dança mais feliz, solidária e democrática.
Para Domenico De Masi, o Brasil, especialmente o Nordeste, personifica essa dança. Ele vê o Nordeste como uma partitura perfeita, onde as notas da qualidade de vida são tocadas com maestria. As condições ideais se reúnem, permitindo que as pessoas vivam e trabalhem com equilíbrio, aproveitando os recursos naturais e culturais da região.
Em seu livro “Ócio Criativo”, quando questionado sobre o melhor lugar do mundo para praticar essa dança, Domenico aponta com convicção para o Nordeste, nomeando as praias do sul da Bahia como a expressão mais viva desse conceito. Ele se deslumbra com a hospitalidade, a simpatia e a inventividade do povo nordestino, que sabe dançar com sabedoria e respeito pelos tesouros da região. Mesmo diante das adversidades e desigualdades, ele enxerga as possibilidades de superação e desenvolvimento sustentável.
Domenico De Masi nos deixa um legado não apenas de palavras e ideias, mas de uma dança, uma sinfonia que ecoa pelo Nordeste, pelo Brasil, e pelo coração de todos que buscam a harmonia entre trabalho e qualidade de vida. Sua paixão pelo Nordeste e pelo Brasil é um capítulo eterno nessa história, e seu legado é o convite para todos nós a entrarmos na pista da dança do “ócio criativo”.
Por Douglas Ferreira