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Publicado em: 11 janeiro 2024 às 18:25 | Atualizado em: 11 janeiro 2024 às 18:27

A árvore acorrentada: A surpreendente saga da figueira-da-índia no Paquistão

Por Douglas Ferreira

A árvore Banyan, conhecida no Paquistão como figueira-da-Índia, tem atraído a atenção de turistas e viralizado nas redes sociais por estar acorrentada desde 1898 – Foto: Reprodução

Esta é uma daquelas narrativas que desafiam a crença, que parecem fruto da imaginação humana. Poderia ser uma lenda urbana? Não. Isso é um fato verídico. Acredite ou não, no Paquistão, existe uma árvore acorrentada há mais de 120 anos.

A história por trás dessa prisão é verdadeiramente surpreendente e repleta de simbolismo. Mesmo após a independência do país, a árvore permanece acorrentada. Vamos entender um pouco mais sobre essa história peculiar.

Uma árvore Banyan, conhecida no Paquistão como figueira-da-Índia (Opuntia ficus-indica), tem atraído a atenção de turistas e viralizado nas redes sociais por estar acorrentada desde 1898. Esta majestosa árvore foi algemada por ordem de um oficial do exército britânico durante o período colonial conhecido como Raj Britânico.

Essa tabuleta traz a confissão da prisão da árvore – Foto: Reprodução

Localizada dentro de uma instalação militar na província de Khyber, no noroeste indiano, a árvore encontra-se acorrentada, com seus numerosos galhos presos ao solo. Como parte desse cenário intrigante, há uma antiga placa, como se fosse uma confissão da árvore, que inicia com as palavras: “Eu estou presa!”.

Após relatar sua condição de prisioneira, a árvore explica como chegou a esse estado: “Em uma tarde, um oficial britânico muito embriagado achou que eu estava me movendo do meu local original e ordenou ao sargento da cozinha que me prendesse. Desde então, estou acorrentada”.

Embora pareça bizarra, a história da prisão da figueira-da-Índia é autêntica. Historiadores relatam que o oficial vitoriano, chamado James Squid, sentiu-se ameaçado pela árvore, acreditando, devido ao seu elevado nível de embriaguez, que a imponente figueira estava se movendo bruscamente em sua direção. Por esse motivo, sem hesitar, ordenou que o sargento prendesse o “Ficus insurgente”.

Em resposta a uma matéria de 2013 do jornal paquistanês Daily Tribune, um morador da comunidade interpretou o ato de maneira diferente: “Os britânicos basicamente deram a entender aos membros da tribo que, se ousassem agir contra o Raj, também seriam punidos de forma semelhante”.

Mesmo após 76 anos de independência, nenhum governo paquistanês conseguiu remover as correntes da centenária figueira do Passo de Khyber. Apesar de ser reconhecidamente inocente de qualquer infração, a árvore Banyan continua a suportar em silêncio suas correntes injustas.

Recentemente, esta passagem montanhosa, de grande importância estratégica, tem sido palco de conflitos violentos entre o exército paquistanês e o Talibã, assim como outros grupos fundamentalistas do Afeganistão. O governo de Islamabad ainda utiliza os Regulamentos de Crimes de Fronteira (FCR), datados do período em que o país fazia parte da Índia Britânica, para punir crimes na fronteira. Essas leis draconianas permitem a punição coletiva de tribos ou famílias por crimes individuais cometidos dentro desses grupos, refletindo uma árvore Banyan, metaforicamente, presa a conceitos antiquados e a ódios persistentes que resistem ao tempo.