Por Wagner Albuquerque
A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) emitiu uma ordem neste sábado, 6, para suspender os voos operados com o avião Boeing 737 MAX 9 no país, após um incidente com uma aeronave da Alaska Airlines na sexta-feira, 5.
De acordo com o New York Times, a FAA emitiu a ordem até que os aviões sejam inspecionados, afetando cerca de 171 aeronaves. “A segurança continuará a orientar a nossa tomada de decisões”, afirmou o diretor da agência, Mike Whitaker.
A United Airlines possui o maior número de aviões do modelo, com 79 aeronaves Boeing 737 MAX 9, enquanto a Alaska Airlines tem 65. A Alaska Airlines anunciou que os aviões voltariam ao serviço após inspeções, cada uma com duração estimada entre quatro e oito horas.
Na noite de sexta-feira, 5, um Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines, a caminho da Califórnia, teve um painel e uma janela rompidos pouco depois da decolagem, resultando em despressurização. Não houve feridos, mas imagens nas redes sociais mostram o rombo em pleno voo. A aeronave retornou em segurança para o aeroporto de Portland, com 174 passageiros e seis tripulantes a bordo.
O CEO da Alaska Airlines, Ben Minicucci, declarou: “Após o evento desta noite no voo 1282, decidimos tomar a medida de precaução de pousar temporariamente nossa frota de 65 aeronaves Boeing 737-9.”
Relembre histórico do Boeing 737 MAX:
Em 2018, na Indonésia
Esse foi o primeiro acidente que causaria a suspensão do 737 Max. Em outubro, o Boeing 737 da companhia Lion Air caiu minutos após a decolagem do aeroporto de Jacarta, deixando 198 mortos.
A aeronave já tinha apresentado problemas em ocasiões anteriores. O sistema de navegação de dados de ar da aeronave (ADIRU) estaria indicou dados inválidos e os pilotos haviam se queixado de problemas nas informações sobre altitude e velocidade. O sistema foi reiniciado duas vezes. A aeronave foi liberada para voo.
Mesmo assim, durante duas viagens, o avião apresentou uma pane que indicava instabilidade na velocidade. O sistema de segurança MCAS, que corrige a inclinação do avião, era acionado sem necessidade.
A tripulação decolou de Jacarta sem ser informada sobre essas panes anteriores. O piloto entrou em contato com a torre de comando, informando alertas no painel e pedindo informações sobre a velocidade e altitude corretas.
Ele não desabilitou o sistema MCAS, que “empurrou” o nariz da aeronave para baixo por mais de 20 vezes, sem necessidade, segundo os registros da caixa preta. Isso provocou uma perda de sustentação crítica, levando ao acidente fatal.
Em 2019, na Etiópia
Enquanto o acidente da Lion Air era investigado, aconteceu o segundo acidente fatal envolvendo o Boeing 737 Max, em março de 2019. Desta vez, na Etiópia e com circunstâncias bem parecidas.
O voo 302 da Ethiopian Airlines caiu seis minutos após a decolagem, matando todas as 157 pessoas a bordo. As investigações indicaram que houve novamente uma falha nos indicadores de velocidade e altura do avião.
Dennis Muilenburg, CEO da Boeing, reconheceu que a empresa teve culpa pelos dois acidentes. “É aparente que, em ambos os voos, o sistema MCAS foi ativado em resposta à informação errada do sensor de ângulo de ataque. Como pilotos disseram para nós, a ativação errônea do MCAS pode adicionar mais carga de trabalho, que já é alta. É nossa responsabilidade para eliminar esse risco. Nós temos a solução e iremos fazer”.
Uma investigação minuciosa suspendeu todos os voos com Boeing 737 Max no mundo todo. Em relatório, o Congresso dos Estados Unidos concluiu que a Boeing é responsável pelos desastres: “Eles foram o terrível resultado de uma série de suposições técnicas incorretas dos engenheiros da Boeing, uma falta de transparência por parte da administração da Boeing e uma supervisão grosseiramente insuficiente da FAA [Administração Federal de Aviação].”
O novo Boeing 737 Max
Para que seus aviões voltassem ao ar, a Boeing precisou alterar o sistema MCAS. Agora, ele tem quatro camada de segurança, ao invés de apenas um sensor, como era antes. Nos novos modelos, o MCAS é apenas acionado se dois sensores indicarem inclinação muito alta. Se os sensores indicarem inclinações diferentes, o MCAS não é ativado. Além disso, o sistema só vai “empurrar” o nariz do avião para baixo uma vez.
Essas medidas foram tomadas para evitar a correção de inclinação errônea, que era ativada sem necessidade em casos de pane.