Por Douglas Ferreira
“As espécies que sobrevivem não são as mais fortes, nem as mais inteligentes, e sim aquelas que se adaptam melhor às mudanças”, conforme afirmado por Charles Darwin, o criador da teoria da evolução das espécies. Embora as pessoas almejem mudanças e a sociedade busque evoluir, poucas ousam efetivamente lutar por transformação, evolução e progresso.
Na Argentina, os eleitores cansaram das promessas e da corrupção socialista, buscando mudanças por meio das ideias liberais de Javier Milei. Com seu plano “motosserra”, que prevê mudanças radicais na economia, Milei se mostra ousado e atrevido. Contudo, na política e na economia, boas intenções não são suficientes, pois o mercado é conservador. Milei enfrenta seu primeiro revés, tentando vender US$ 750 milhões em títulos.
A oferta do Banco Central da Argentina, criada para quitar dívidas de importadores do país com fornecedores no exterior, foi um fracasso, conseguindo vender apenas US$ 68 milhões dos US$ 750 milhões oferecidos. Apenas 34 importadores participaram do leilão. Este revés evidencia as dificuldades que a Argentina enfrentará ao reorganizar seu mercado de importações, representando um desafio para os planos do presidente ultraliberal Javier Milei.
Após obter uma desvalorização relativamente bem-sucedida do peso e emitir um volume recorde de títulos em moeda local, Milei encontra sua primeira derrota nos mercados, o que pode complicar seus esforços para controlar a inflação. A emissão desses títulos era vista como uma medida para absorver o excesso de pesos em circulação e ajudar a conter a alta de preços, que já ultrapassa os 160% em termos anuais.
Com os importadores argentinos devendo cerca de US$ 30 bilhões no exterior, quitar essa dívida é crucial para o país remover os complexos controles sobre o comércio exterior herdados do governo anterior. A promessa de campanha de Milei de liberar a economia enfrenta desafios, e o Banco Central expressa confiança de que o volume de participação aumentará nos próximos leilões, conforme esclarecem os processos operacionais e a documentação necessária. O plano do BC é realizar dois leilões por semana até o final de janeiro de 2024.