Por Douglas Ferreira
A presença constante nos noticiários da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é marcada por declarações contundentes e por vezes fantasiosas sobre desmatamento, queimadas e outros temas sensíveis. Muitas vezes, suas posições destoam das políticas defendidas pelo governo federal, como é o caso atual.
Em público, Marina defendeu a imposição de um limite para a exploração de combustíveis fósseis. Uma postura que contraria a recente declaração do presidente Lula sobre aumentar a produção de petróleo e a entrada do Brasil na OPEP, destacando-se como produtor de petróleo.
Embora a ministra esteja correta ao abordar a necessidade de estabelecer um teto para a exploração de petróleo, sua posição cria desconforto dentro do governo. Em uma entrevista ao Financial Times, Marina argumentou a favor desse limite, ressaltando a coerência com a promessa de descarbonização da economia.
A ministra do Meio Ambiente afirma: “Uma questão que terá de ser enfrentada é a questão dos limites, de um teto para a exploração de petróleo. É um debate que não é fácil, mas que os países produtores de petróleo terão de enfrentar”.
Essa posição reflete a busca pela coerência com as promessas de campanha de Lula, que se comprometeu com a sustentabilidade, mudança na matriz energética e restauração ecológica.
No entanto, a trajetória histórica mostra que, apesar de discursos sobre transição energética desde a ECO 92, os avanços são lentos. A busca por fontes renováveis é consenso, mas nenhum governo se opõe ao aumento da produção de petróleo, considerado uma fonte garantida de riqueza.
Lula, ao cobrar compromissos dos países desenvolvidos na ONU, enfatizou que as promessas financeiras para os países em desenvolvimento permanecem apenas promessas. É cruscial destaca a importância de manter a coerência nas políticas ambientais, especialmente em questões fundamentais para transformar o Brasil em uma “potência verde” com emissões mínimas de gases de efeito estufa. Marina Silva não propõe parar a produção, mas estabelecer limites.
O terceiro mandato de Lula é marcado por uma preocupação com o legado, e a decisão de impor um teto à produção de petróleo no Brasil pode contribuir significativamente para esse projeto globalmente. Além disso, as novas frentes de produção, como a Margem Equatorial na região marítima da Amazônia, estão no centro do projeto brasileiro de proteção ambiental.
Enfim, até agora muita conversa e pouca ação.