Passeando pelas ruas de Teresina, nos deparamos com problemas que a principio, são primitivos de resolução. Qualquer gestor bem intencionado em servir ao seu povo, razão pela qual a população deposita esperanças quando vota e elege alguém para comandar os destinos administrativos de suas cidades, trata logo de imprimir com sua marca e deixa-la como legado para o futuro. Nessa galeria de bons administradores, Teresina se orgulha por ter entre seus pretéritos prefeitos, figuras notáveis que ainda hoje merecem o reconhecimento dessa comunidade como personalidades eternas. Wall Ferraz, Freitas Neto, Firmino Filho, Elmano Ferrer são alguns exemplos. Ocorre que a inteligência coletiva ultimamente parece que adormeceu nos escaninhos do cérebro humano e nos atiramos numa aventura que parece não ter fim. Da prefeitura da nossa querida cidade do sol e da luz, terra do Conselheiro Saraiva e da Imperatriz Teresina Cristina, o que a população espera são ações voltadas para melhorar a qualidade de vida de quem aqui mora, empreende, trabalha, estuda e vive. No Brasil das eleição a cada dois anos, cada vez mais parece que isso emburrece e embrutece os nosso homens públicos. A luta diária pela manutenção de grupos no poder parece ter tirado dos nossos lideres, a capacidade de racionar de forma mais eficiente, mesmo que em seu próprio proveito. Perde-se tempo, recursos e oportunidades quando enveredam apenas na luta politica pela famigerada sucessão municipal. Luta insana pelo poder, isso sim. Não há mais o respeito à vontade popular. O poder monetário é quem dita as regras e a tudo compra, inclusive consciências, honras, palavras, “apoio”, votos, etc. Eleitor comum coitado, preso nessa armadilha da pobreza, da falta de conhecimento, de esclarecimento e de oportunidades, só lhe resta ser visto como um mísero eleitor preso no cabresto do chefe politico a quem diz seguir mas que a ele nada é servido. Grande maioria dos eleitores estão presos nesse sistema de corrupção eleitoral medieval, tornando quase sempre os eleitos, ilegítimos. Pior ainda é saber que na maioria das ocasiões recentes, os votos foram comprados com recursos do próprio erário público. Esse mal corrói as entranhas da politica brasileira, especialmente no nordeste. Nos estados e nas cidades nordestinas, raros são os líderes eleitos por sua exclusiva contribuição como homem público ao seu povo. Na grande maioria, os eleitos “compram” literalmente o mandato. O mecanismo conhecido é primitivo mas bastante eficiente. Nos últimos 20 anos, fez-se escola. A peso de ouro, coloca ao seu lado os famosos líderes regionais, detentores de mandatos ou não, ai inclusos chefes de associações de moradores, desocupados, desempregados, administradores de repartições públicas nomeados com esse proposito, e dessa forma, formam currais abarrotados de famintos e miseráveis eleitores, que sem conhecimento, discernimento e esclarecimento, fruto da politica educacional implantada para ser ineficiente, proposital, diga-se de passagem, seguem a orientação do suposto líder. São massas de manobra necessárias para a instalação de “ilhas” permanentes de poder. Passando de pai para filho, a renovação é praticamente nula e impossível. Não permitindo que a população tenha a oportunidade de experimentar novas capacidades, novas ideias e novas e mais eficientes formas de servir ao povo, como esse povo deveria ser servido. Muitas vezes, tomamos conhecimento da 5ª ou 6ª geração de famílias encasteladas no poder. São verdadeiros feudos políticos que para mantê-los, são capazes de cometer atos dos mais insanos possíveis e difíceis até de imaginar. Vale tudo. Até matar. Aqui no Piauí, algumas “famílias” de políticos espalham-se como “piolhos” nos diversos órgãos da administração pública, nos três níveis de poder. É comum encontrar sobrenomes famosos em qualquer órgão público que por acaso o cidadão comum necessite recorrer quando precisa resolver algum problema. Mas o que faz com que os homens públicos virem esses monstros sinistros na escalada desse poder que quase sempre é efêmero? O que leva um cidadão com dons e pendores da política a embebedar-se com o poder e dele nunca mais querer se retirar, fazendo desse, seu ofício e seu meio de enriquecimento pessoal e de sua sinecura familiar? Não seria louvável e oportuno ter o reconhecimento público como aquele que contribuiu com sua comunidade, deixou sua marca de homem capaz e ser guardado no panteão da memoria coletiva como um bom representante popular, do que arriscar-se na aventura de ser vergonhosamente retirado pela força do sufrágio como aquele que teve a chance de contribuir, mas decepcionou e foi sacado como um indesejado e incompetente administrador? Que honra tem isso? Que tipo de homem suporta isso nas suas memórias? Parece mesmo é que nada importa. Ilegítimo ou não, o que interessa é o poder, mesmo que a qualquer custo. Honras às favas. Contadas!