Por Douglas Ferreira
O Brasil, indiscutivelmente, tem sido reconhecido como o país das regalias, chegando ao ponto de ser chamado de “o país dos marajás”. Isso se deve, em grande parte, à disparidade salarial entre os servidores públicos de alto escalão e a maioria da população, que ganha salários muito inferiores. Os ministros do STF, por exemplo, percebem R$ 41 mil e esse é o teto para a remuneração dos servidores públicos no Brasil. Ou seja, os “magnatas” do serviço público ganham quase 40 vezes mais que os “barnabés”, ou trabalhadores da iniciativa privada.
Em contraste, outros países demonstram uma abordagem mais séria em relação aos recursos públicos. Na Finlândia, por exemplo, servidores graduados do judiciário utilizam transporte público, como metrô e até bicicleta para se descolarem ao trabalho, e na Noruega, deputados dormem em seus gabinetes, renunciando a benefícios como apartamentos funcionais e diárias para hotéis luxuosos.
Recentemente, um exemplo notável de austeridade administrativa surgiu na Turquia. A presidente do Banco Central turco, conhecida como governadora do BC, optou por voltar a morar com sua mãe devido à inflação crescente no país. A desvalorização da lira turca contribuiu significativamente para o aumento exorbitante dos preços, afetando não apenas os mais pobres, mas também as classes mais ricas.
Hafize Gaye Erkan, a governadora do Banco Central, compartilhou em uma entrevista ao jornal Hürriyet que a situação imobiliária em Istambul está desequilibrada devido à escassez de oferta e à falta de financiamentos acessíveis. Diante do aumento das taxas de aluguel, ela própria não conseguiu encontrar uma residência adequada, sendo forçada “a voltar a morar com meus pais”.
A Turquia enfrenta uma inflação de 62% ao ano em novembro de 2023, impulsionada pela desvalorização da lira turca. Os aluguéis aumentaram significativamente, registrando um aumento de 77,1% no mesmo período, conforme relatado pela Universidade Bahçesehir. Em resposta, o Banco Central aumentou a taxa de juros de 8,5% para 40% desde junho para conter o aumento, e Hafize indicou que as medidas de aperto monetário estão se aproximando do fim.
“Estamos chegando ao fim das medidas de aperto monetário”, disse Hafize.
Esses exemplos de austeridade, se seguidos pelo Brasil, poderiam potencialmente gerar uma revolução, elevando o país a um patamar mais condizente com nações de primeiro mundo e proporcionando condições de trabalho mais dignas para o trabalhador brasileiro. Infelizmente o que se vê é um Estado cada vez mais perdulário. Entretanto, “não existe almoço grátis”, alguém paga essa conta.