Por Douglas Ferreira
O presidente Javier Milei herda uma Argentina à beira da falência, enfrentando o desafio de reverter a situação crítica da economia do país. O novo governo, ciente da urgência, apresenta medidas drásticas e impopulares para evitar a hiperinflação e o colapso econômico. O ministro da economia, Luis Caputo, destaca a necessidade de corrigir os desequilíbrios financeiros e promete enfrentar as raízes dos problemas econômicos, buscando evitar uma catástrofe.
Caputo enfatiza que o país está viciado em déficit e que a sociedade compreende a necessidade de mudança, indicando que o momento de gastos irresponsáveis chegou ao fim. O plano econômico inclui a suspensão de licitações, não renovação de contratos de trabalho com o governo com duração inferior a um ano, corte de subsídios na energia e transporte, redução das transferências para as províncias, suspensão de propagandas oficiais por um ano, e uma significativa redução no número de cargos políticos indicados.
Milei, que defendeu a redução do Estado durante a campanha, implementa medidas para enxugar a máquina governamental, reduzindo secretarias federais e subsecretarias. O governo busca diminuir em 5% do PIB as despesas no próximo ano, visando equilibrar as finanças públicas e acabar com a prática de imprimir dinheiro para sustentar déficits.
O ministro da economia anuncia uma desvalorização do câmbio oficial para 800 pesos por dólar, um aumento de 118%, aproximando a cotação do mercado paralelo. O fim de subsídios e a desvalorização terão impacto na inflação, que já se aproxima dos 200% ao ano. Medidas sociais para a população carente são mantidas para amenizar o impacto nos preços.
Caputo destaca a necessidade de fortalecer os planos sociais direcionados às pessoas que mais necessitam. Após o período de emergência, o governo planeja eliminar os controles do comércio externo, como a exigência de licenças para importação. Em uma mudança de postura em relação ao governo anterior, a Argentina retoma o processo de ingresso à OCDE e descarta a adesão ao bloco dos Brics e ao Novo Banco de Desenvolvimento.
Apesar dos discursos contra a ditadura comunista durante a campanha, Milei inicia negociações com a China para renovar os swaps cambiais, essenciais para manter a economia argentina afloat. Pequim expande o acordo com um aporte adicional de US$ 5 bilhões, podendo chegar a US$ 6,5 bilhões, evidenciando a importância desses recursos para honrar compromissos e importações. O novo governo enfrenta o desafio de estabilizar a economia e reverter a situação crítica deixada pelo governo anterior.