Por Wagner Albuquerque com informações Casa da Moeda do Brasil
A narrativa da civilização nos relata que o homem primitivo buscava proteger-se do frio e da fome, refugiando-se em cavernas e alimentando-se de frutas selvagens, além do que conseguia obter por meio da caça e pesca. Com o desenvolvimento da inteligência ao longo dos séculos, a humanidade passou a aspirar por maior conforto e a se preocupar com o bem-estar do semelhante. Assim, como resultado das necessidades individuais, surgiram as trocas.
Esse sistema de troca direta, que persistiu por muitos séculos, deu origem a termos como “salário”, representando o pagamento feito em uma certa quantidade de sal, e “pecúnia”, derivado do latim “pecus”, que significa rebanho (gado) ou “peculium”, referindo-se ao gado miúdo (ovelha ou cabrito).
As primeiras moedas, conforme as conhecemos hoje, peças representativas de valores geralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia) por volta do século VII a.C. As características desejadas eram impressas nas peças por meio do uso de um objeto pesado, como um martelo, em cunhos primitivos. Este foi o advento da cunhagem a martelo, onde os símbolos monetários eram valorizados também pela nobreza dos metais utilizados, como o ouro e a prata.
Embora a evolução do tempo tenha levado à substituição do ouro e da prata por metais menos raros ou suas ligas, a associação de beleza e expressão cultural ao valor monetário das moedas permaneceu ao longo dos séculos. Na contemporaneidade, as moedas frequentemente apresentam figuras representativas da história, cultura, riquezas e poder das sociedades.
A necessidade de armazenar moedas com segurança deu origem às instituições bancárias. Os negociantes de ouro e prata, por possuírem cofres e guardas, assumiram a responsabilidade de zelar pelo dinheiro de seus clientes e emitir recibos escritos das quantias armazenadas. Esses recibos, conhecidos como “goldsmith’s notes” na época, eventualmente passaram a ser utilizados como meio de pagamento, sendo mais seguros de portar do que dinheiro em espécie. Assim, surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda” ou cédulas de banco, enquanto a prática de guardar valores em espécie deu origem às instituições bancárias.
As cédulas de papel tiveram sua origem na China no século 7, enquanto na Europa, apenas no século 17. No entanto, à semelhança dos tabletes da Babilônia, seu valor não era intrínseco; ele advinha do fato de conferirem ao portador o direito de trocá-las por moedas no balcão do caixa. O lastro dessas cédulas residia nas moedas de metal precioso. Nos Estados Unidos, a última moeda de prata foi produzida em 1935, e somente em 1971 o dólar, assim como todas as outras unidades monetárias, deixariam de ter lastro em ouro. No entanto, essa é uma história para ser explorada em outro texto.
Os primeiros bancos oficialmente reconhecidos surgiram na Suécia em 1656, na Inglaterra em 1694, na França em 1700 e no Brasil em 1808. A palavra “bank” tem origem na italiana “banco”, uma peça de madeira usada pelos comerciantes de valores da Itália estabelecidos em Londres para conduzir seus negócios no mercado público londrino.