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Publicado em: 4 dezembro 2023 às 08:58

Venezuela: em referendo, população aprova medidas que podem resultar na anexação da Guiana

Por Wagner Albuquerque com informações de CNN Brasil

Essequibo: Entenda a história da disputa entre Reino Unido, Guiana e Venezuela

Dados básicos

  • O território reivindicado pela Venezuela é de cerca de 160 mil km2.
  • A população estimada de Essequibo é de 125 mil habitantes, dos mais de 791 mil habitantes da Guiana.
  • Atuais líderes políticos dos partidos em disputa: Nicolás Maduro (Venezuela) e Irfaan Alí (Guiana).
  • Guiana controla a área reivindicada pela Venezuela desde 1966, quando alcançou a independência do Reino Unido, que representa aproximadamente dois terços de seu território
  • Idioma: O inglês é falado na área reivindicada, sendo este um dos poucos territórios da América do Sul com esse idioma oficial, além das Malvinas-Falklands. Enquanto isso, o espanhol é falado na Venezuela, como em grande parte da região.

O que há na área disputada?

A área reivindicada pela Venezuela, marcada nos mapas do país com listras diagonais, está localizada a oeste do rio Essequibo, que fica na Guiana.

Embora seja um território maioritariamente constituído por uma selva praticamente impenetrável, é ao mesmo tempo próspero e rico em recursos naturais e minerais, com uma flora e fauna variadas.

Em 2015, a ExxonMobil divulgou ter encontrado petróleo na costa da Guiana.

A área tem potencial agrícola e também possui reservas de diamantes, ouro e bauxita.

O que acontece agora?

O resultado da votação foi amplamente esperado na Venezuela, embora suas implicações práticas provavelmente sejam mínimas, dizem analistas. Especialistas afirmam que a criação de um estado venezuelano dentro do Essequibo é uma possibilidade remota.

Não está claro quais medidas o governo venezuelano tomaria para dar continuidade ao resultado, e qualquer tentativa de afirmar uma reivindicação será certamente recebida com resistência internacional.

Ainda assim, a retórica crescente levou a movimentos de tropas na região. A comunidade internacional comparou o caso com a invasão russa na Ucrânia. Muitos residentes na região predominantemente indígena estão no limite.

“A longa disputa sobre a fronteira entre a Guiana e a Venezuela subiu a um nível de tensão sem precedentes nas relações entre nossos países”, escreveu o ministro das Relações Exteriores da Guiana, Robert Persaud.

Mesmo sem implementar o referendo, que exigiria mais medidas constitucionais e o provável uso da força, Maduro pode ganhar politicamente com o voto em meio a uma campanha desafiadora de reeleição.

Em outubro, a oposição venezuelana voltou a atacar Maduro devido à escassez de alimentos e a alta da inflação.

“Um governo autoritário que enfrenta uma situação política difícil é sempre tentado a procurar uma questão patriótica para que ele possa se envolver na bandeira e reunir apoio, e acho que isso é uma grande parte do que Maduro está fazendo”, disse Phil Gunson do International Crisis Group.