Por Douglas Ferreira
A cada dia, a criminalidade surpreende a todos, como ocorreu nesta sexta-feira, 1 de novembro, um episódio simplesmente intrigante e revoltante. Em pleno 2023, presenciamos uma pessoa sendo mantida em cativeiro em uma boca de fumo. Aliás, duas pessoas. Fato que levanta questões sobre como é possível a existência desse tipo de estabelecimento em plena capital.
Surge, então, a indagação sobre como as forças de segurança do Estado, como a polícia civil, militar, guarda municipal e até mesmo a polícia federal, permitem que o tráfico continue a manter esse comércio esdrúxulo, criminoso e medieval em pleno século 21 a vista de todos.
Embora não se possa negar o esforço das forças de segurança no combate ao crime, a presença de traficantes, facções e pontos de venda de drogas em Teresina e no Piauí com endereços conhecidos por todos levanta questionamentos sobre a eficácia das ações. A novidade do momento é o cárcere privado de devedores do tráfico, mas isso não diminui a urgência de uma ação mais ágil e eficiente contra as facções.
A polícia está, segundo relatos, no caminho certo, mas com um atraso de pelo menos vinte anos. Durante duas décadas no poder, o governo petista pareceu conivente e leniente com a criminalidade. No entanto, espera-se que o atual governo apresente um novo olhar para esse mal que assola a sociedade, devorando jovens, adultos e até idosos. Hoje é preciso acreditar e conceder um crédito à nova polícia piauiense, que aparenta ser inovadora e determinada a virar o jogo contra o crime, o tráfico e as facções.
Durante a operação Cerco Fechado, a Polícia Civil resgatou duas pessoas que estavam sendo mantidas em cárcere privado em uma boca de fumo no bairro Vila da Paz, Zona Sul de Teresina. O delegado Charles Pessoa, coordenador do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), explicou que os homens resgatados eram dependentes químicos e estavam presos devido a dívidas com traficantes.
O resgate ocorreu durante o cumprimento de mandados de prisão na quinta-feira (30), resultando na detenção de cinco indivíduos da região da Vila da Paz. Um dos presos, conhecido como Rato, era proprietário da boca de fumo Beco do Rato, onde ocorreu o resgate das duas pessoas dependentes químicas. Segundo o delegado Charles, os dois homens estavam sendo mantidos presos há três dias, sendo ameaçados constantemente, inclusive de morte. Caso não pagassem as dívidas, eles e seus familiares enfrentariam a ameaça de morte por parte dos traficantes.
Cinco pessoas foram presas e autuadas em flagrante delito, incluindo crimes de tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico e cárcere. Mas não resta dúvida de que essa ação foi um fato isolado e pontual. E quantos podem estar sendo mantidos em cárcere privado nesse momento? Quantos estão sendo jurados de morte, ou julgados e condenados pelo tribunal do crime?