Por Douglas Ferreira
O possível envolvimento do crime organizado com o governo federal, especificamente com o Ministério da Justiça, torna-se cada vez mais inacreditável. Sobretudo agora, especialmente no contexto da “dama do tráfico amazonense”, Luciane Barbosa Farias. Segundo a Polícia Civil do Amazonas, ela representava a Associação Liberdade do Amazonas, uma ONG que, de acordo com uma investigação, lavava dinheiro para o Comando Vermelho (CV), uma das facções criminosas mais perversa do país.
Luciane, esposa de Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, líder do Comando Vermelho no Amazonas, foi condenada a dez anos de prisão por seu papel na ocultação de valores do tráfico. Ela é acusada de adquirir bens de luxo, imóveis e registrar empresas laranjas enquanto seu marido coordenava as atividades criminosas.
A Associação Liberdade do Amazonas, apesar de se apresentar como uma defensora dos direitos dos presos, é alegadamente utilizada para atender às necessidades da facção criminosa, recebendo fundos provenientes do tráfico. O inquérito revela que a facção pagava todas as contas da ONG, incluindo aluguel, água, luz, internet, salários de funcionários e outros.
Fundada no ano passado com o intuito de defender os direitos dos presos a Associação Liberdade do Amazonas tem tomado outro rumo. A polícia alega que a ONG teria sido criada pelos criminosos para atender suas próprias necessidades e que o papel real seria “perpetuar a existência da facção criminosa e obter capital político para negociações com o Estado”.
Luciane Farias, em resposta, nega qualquer ligação com facções criminosas. Ela alega ser vítima de discriminação por ser esposa de um detento. O Ministério da Justiça, em meio a alegações de reuniões com a “dama do tráfico”, nega a realização de audiências no gabinete do ministro Flávio Dino com líderes de facção criminosa . A pergunta é: dentro ou fora do gabinete faz alguma diferença?.
O secretário de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, explica que uma solicitação de audiência foi recebida de Janira Rocha, ex-deputada estadual, que levou Luciane Farias como acompanhante para tratar de supostas irregularidades no sistema penitenciário. O ministro Flávio Dino reforça que a audiência não ocorreu em seu gabinete, e nega qualquer envolvimento abjeto com atividades criminosas.
O fato é que Luciene Farias posou ao lado do Secretário Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça Rafal Velasco Brandani, supostamente nas dependências do Ministério da Justiça. Em um tour pelo Congresso foi fotografada também ao lado de Guilherme Boulos e André Janones. Tudo isso reforça a tese defendida por Alexsandro Pereira, o Elias, de que o governo do PT teria “diálogo com nóis cabuloso”.
Sem dúvida o Ministério da Justiça e o próprio ministro Flávio Dino deve vir a público esclarecer todos esses fatos. Só negar conhecimento da folha corrida da Dama do Tráfico Amazonense não convence. Afinal, o Ministério liberou recurso público para a ONG de Luciane Farias? Não há nenhum controle das pessoas que entram no Ministério? O governo não busca informações sobre as instituições com quem mantém parceria ou pretende manter?