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Publicado em: 3 novembro 2023 às 11:39

Executivos deixam bancos para administrar o dinheiro dos brasileiros milionários

Por Douglas Ferreira

À medida que o lançamento de novos fundos de hedge no Brasil diminui após um forte aumento nas taxas de juros, um número crescente de executivos está abandonando os bancos para criar empresas de gestão de patrimônio. Trinta novas empresas de gestão de fortunas foram abertas no primeiro semestre deste ano, incluindo várias fundadas por ex-banqueiros do Credit Suisse, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – Anbima.

Enquanto a quantidade de novas riquezas não cresce tão rápido, as empresas independentes de gestão de patrimônio competem com bancos que supervisionam quase R$ 2 bilhões por meio de seus negócios locais de private banking. Embora os fundos de hedge possam cobrar dos clientes 2% de seus ativos mais uma taxa de desempenho de 20%, os gestores de patrimônio geralmente recebem de 0,30% a 0,70%. A baixa rentabilidade é uma das razões pelas quais bancos globais, incluindo JPMorgan, BNP Paribas e Crédit Agricole, venderam seus negócios de private banking onshore no Brasil.

Com o êxodo de executivos de bancos, mais empresas estão se fundindo para ganhar escala. Espera-se mais atividade de fusões e aquisições, uma vez que a concorrência mais forte e a falta de ofertas públicas comprimem as taxas.

Empresas de gestão de patrimônio mais antigas, como a Taler Gestão de Patrimônio, estão se fundindo com intervenientes mais recentes. A Galápagos Capital, empresa de investimentos fundada por ex-sócios do Banco BTG Pactual, adquiriu a Taler em setembro. O Brasil tem R$ 460,4 bilhões em riquezas administradas por 141 empresas independentes, de acordo com a Anbima. Essas empresas competem oferecendo consultoria de investimento sem forçar produtos internos aos clientes. Muitas começam a trabalhar com clientes com fortunas tão baixas quanto R$ 3 a 10 milhões, enquanto outras exigem de R$ 20 a 100 milhões de reais.

A capacidade de oferecer serviços como planejamento tributário e sucessório é crucial para atrair clientes de alto patrimônio, e as empresas independentes de gestão de patrimônio estão focadas em oferecer um serviço diferenciado. Mesmo com desafios, o mercado brasileiro é visto como resiliente e capaz de gerar lucros, e as empresas do setor continuam a se expandir.