Por Douglas Ferreira
O potencial do agronegócio brasileiro é inegável, e a pandemia de COVID-19 destacou ainda mais essa importância. Durante o lockdown, o setor desempenhou um papel fundamental no abastecimento de alimentos, grãos, laticínios e proteínas animais e vegetais no mercado brasileiro, contribuindo para a alimentação tanto da população local quanto de parte da população mundial.
Em 2019 e 2020, o agronegócio registrou superávits significativos nas trocas comerciais de matérias-primas, totalizando 83,1 e 87,7 bilhões de dólares, respectivamente, enquanto outros setores enfrentaram déficits agregados de 35 e 36,7 bilhões de dólares. Esses números contribuíram para um superávit comercial geral de 48 e 50,9 bilhões de dólares para o Brasil nos mesmos anos.
A produção de algodão (Anea) no Brasil é um exemplo notável desse sucesso, e o país está no caminho para se tornar o maior exportador mundial em 2024. O Estado do Piauí, embora relativamente novo na produção de algodão, já se destaca nesse setor. A Fazenda Progresso, localizada em Sebastião Leal, na região dos cerrados piauienses, é um dos principais produtores do Piauí. A fazenda dos Sanders conta com uma área de 82 mil hectares destinados ao cultivo de soja, milho e algodão durante a safra principal, além de mais 12 mil hectares na safrinha. Apenas na cultura do algodão, são cultivados mais de 5.500 hectares, com a expectativa de aumentar para 6.580 hectares em 2024, representando um crescimento de 22% em relação à safra 2023/2024.
A instalação de duas usinas de beneficiamento do algodão tem incentivado mais produtores a plantar a fibra. Uma usina deve ficar pronta ainda este mês e a segunda no início do ano vindouro. A usina retira o caroço da pluma e agrega valor ao produto.
Esse aumento na produção de algodão no Piauí é um reflexo do crescimento do setor agrícola no Estado, contribuindo para consolidar ainda mais a posição do Brasil como um dos líderes globais na produção de alimentos e matérias-primas agrícolas. Com um potencial estimado de produzir mais de 3,4 milhões de toneladas de algodão na safra 2023/2024, o agroprodutor Cornelio Sanders demonstra confiança no setor e acredita que “o Brasil está caminhando para se tornar o maior exportador mundial de algodão. Isso, já no ano que vem”.
Cornelio Sanders esclarece entretanto que o Brasil ainda está longe de ser o maior produtor de algodão do planeta. “Ainda estamos longe de atingir a produção dos Estados Unidos, da China, da Índia e Paquistão. Mas vamos superá-los na exportação já no próximo ano”.
A previsão é a de que o Brasil deva exportar um volume histórico de cerca de 2,5 milhões de toneladas de julho de 2023 a junho de 2024. Isso representaria um crescimento significativo em relação ao ano anterior e consolidaria a liderança do Brasil nesse mercado. Essa ascensão também se deve à produção de algodão em Estados como Mato Grosso e Bahia, que se destacam como os maiores produtores do país, aproveitando as condições favoráveis para o cultivo dessa cultura.
A produção de algodão na Bahia desempenha um papel crucial na economia local e nacional, contribuindo para o desenvolvimento econômico, a geração de empregos, a diversificação agrícola e a sustentabilidade ambiental. Ela também estimula a indústria têxtil e a exportação, gerando divisas para o Brasil. A busca por práticas agrícolas sustentáveis e o investimento em pesquisa agrícola têm contribuído para o sucesso contínuo desse setor no Brasil, que se posiciona como um dos principais players globais na produção e exportação de algodão.